sexta-feira, 26 de maio de 2017

A MULHER SAMARITANA


Revisando a História da Mulher Samaritana (João 4)

 Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg

O capítulo que relata a história de Jesus encontrando a mulher Samaritana junto ao poço de Jacó, em João 4, começa definindo o cenário para o que acontecerá mais tarde em Samaria e está firmado no que aconteceu na Judeia no tempo em que já  se desenvolvia o Evangelho. A popularidade crescente de Jesus resultou em um significativo número de seguidores.

Seus discípulos realizaram um antigo ritual Judaico de lavagem cerimonial com água, assim como fez João Batista e seus discípulos. O ritual representava a confissão dos pecados das pessoas e seu reconhecimento da necessidade do poder purificador do perdão de Deus. Quando ficou claro para Jesus que as multidões estavam se tornando maiores, mas especialmente quando soube que muitos fariseus estavam alarmados, ele decidiu que era hora de ir para a Galiléia para continuar seu ministério (versículos 1-3).

Geografia

O texto simplesmente diz que Jesus “teve de passar por Samaria” (vs.4). Talvez, neste momento uma curta aula de geografia seja útil. As terras Samaritanas ficavam entre as terras da Judéia e da Galiléia. O caminho contornando Samaria levava o dobro do tempo, ao invés dos três dias necessários indo direto da Galiléia a Jerusalém, porque evitando Samaria era preciso atravessar o rio Jordão duas vezes para seguir um caminho a leste do rio (Vita 269). O caminho através de Samaria era mais perigoso, porque eram comuns os ânimos se exaltarem entre Samaritanos e Judeus (Ant. 20,118; Guerra 2.232). Não nos é dita a razão pela qual Jesus e seus discípulos precisavam passar por Samaria. João simplesmente diz que Jesus “tinha que ir”, implicando que para Jesus isto não era comum. Talvez Jesus precisasse chegar à Galiléia relativamente rápido. Mas o texto não nos dá nenhuma indicação de que ele tinha um convite pendente para um evento na Galiléia para o qual ele estava atrasado. Ele saiu quando sentiu a iminência de um confronto com os fariseus sobre a sua popularidade entre os Israelitas. Isto estava associado à compreensão de Jesus que o tempo para tal confronto ainda não tinha chegado. Na mente de Jesus, o confronto com a liderança religiosa da Judéia, (e não se enganem sobre isso, os principais fariseus eram parte integrante de tal liderança) neste momento era prematuro e que muito precisava ser feito antes de ir para a cruz e beber do cálice da ira de Deus, em nome da antiga aliança com o povo  e as nações do mundo. A maneira como Jesus via os Samaritanos e seu próprio ministério entre eles pode nos surpreender à medida que continuamos a examinar esta história.

Sabemos que os movimentos e as atividades de Jesus foram todas feitas de acordo com a vontade e a liderança do Pai. Ele só fez o que viu o Pai fazer (Jo 5: 19). Sendo este o caso, podemos estar certos de que a jornada de Jesus através de Samaria, neste momento foi dirigida por seu Pai e assim, também, foi a sua conversa com a mulher Samaritana.

A surpreendente jornada  de Jesus através de território hostil e herético tem um significado além de qualquer explicação superficial. Em um sentido muito real, desde o momento que Seu filho real foi eternamente concebido na mente de Deus,  o plano insondável de Deus e sua missão, era  ligar em uma  unidade redentora toda a sua amada criação. Jesus foi enviado para  produzir a paz entre Deus e as pessoas, bem como entre as pessoas e os povos. A realização desse grande propósito começou com um encontro desagradável  entre Jesus e aqueles que praticamente moravam ao lado – os Samaritanos.

Os Samaritanos 

Reconsiderar a mulher samaritana. As fontes nos apresentam, pelo menos, duas histórias diferentes dos Samaritanos. Uma – de acordo com Samaritanos Israelitas, e a outra – de acordo com Judeus Israelitas. Enquanto existem dificuldades sobre a confiabilidade dos documentos antigos contaminados pela polêmica Judaica- Samaritana, bem como a datação tardia das fontes de ambos os lados, algumas coisas podem, contudo, ser estabelecidas. A estória Samaritana de sua história e identidade correspondem aproximadamente ao seguinte:

1) Os Samaritanos chamavam-se a si mesmos de Bnei Israel (Filhos de Israel).

2) Os Samaritanos eram um grupo considerável de pessoas que acreditavam  preservar a religião original do antigo Israel. O nome Samaritano traduzido literalmente do hebraico significa Os Guardiões (de leis e tradições originais). Embora seja difícil falar em números concretos, a população Samaritana no tempo de Jesus era comparável àquela dos Judeus e incluiu a grande diáspora.

3) Os Samaritanos acreditavam que o centro de adoração de Israel não deveria ter sido o Monte Sião, mas sim o Monte Gerizim. Eles argumentaram que este era o local do primeiro sacrifício Israelita na Terra (Deut. 27: 4 ) e que continuou a ser o centro da atividade sacrificial dos patriarcas de Israel. Este era o lugar onde as bênçãos foram pronunciadas pelos antigos Israelitas. Os Samaritanos acreditavam que Betel (Jacob), o Monte  Moriá (Abraão) e o Monte Gerizim eram o mesmo lugar.

4) Os Samaritanos tinham  essencialmente um credo quádruplo: 1) Um Deus, 2) Um Profeta, 3) Um Livro e 4) Um  Lugar.

5) Os Samaritanos acreditavam que as pessoas que se chamavam Judeus (crentes no Deus de Israel situados na Judéia) haviam tomado o caminho errado em sua prática religiosa pela importação de novidades para a Terra durante o retorno do exílio Babilônico.

6) Os Samaritanos autênticos rejeitaram a supremacia da dinastia Davídica em Israel. Eles acreditavam que os sacerdotes levitas em seu templo eram os legítimos líderes  de Israel.

Agora que fizemos um resumo parcial levando em conta o outro lado da história e as crenças dos Samaritanos, vamos nos voltar para a versão Judaica da mesma história. Este registro essencialmente origina-se de dois Talmuds e sua interpretação da Bíblia Hebraica, de Josefo e do Novo Testamento.

1) Os Samaritanos eram um grupo de pessoas com misturas teológicas e étnicas. Eles acreditavam em um Deus único. Além disso, eles associavam seu Deus, com o Deus que deu a Torá ao povo de Israel. Os Samaritanos são geneticamente relacionados aos remanescentes das tribos do norte que foram deixados na terra após o exílio Assírio. Eles se casaram com  gentios, que foram transferidos para Samaria pelo imperador Assírio. Este ato de desapropriação e transferência de sua terra natal foi feito em uma tentativa estratégica de destruir a identidade do povo e prevenir  qualquer potencial de futura revolta.

2) Nos escritos rabínicos Judaicos, os Samaritanos são geralmente referidos pelo termo “Kuthim.” O termo está provavelmente relacionado a um local no Iraque do qual foram importados exilados não Israelitas para Samaria (2 Reis 17:24). O nome Kuthim ou Kuthites (de Kutha) foi usado em contraste com o termo “Samaritanos” (os guardiões da lei). Os escritos Judaicos enfatizaram a identidade estrangeira da religião e prática Samaritanas, em contraste com a verdadeira fé de Israel, que eles chamariam especialmente em um período posterior, como Judaísmo Rabínico [1]. A interpretação rabínica dos Samaritanos não foi totalmente negativa.

3) De acordo com 2 Crônicas 30:1-31:6, a alegação de que as tribos do norte de Israel foram todas exiladas pelos Assírios e, portanto, aqueles que ocuparam a terra (Samaritanos) eram de origem não Israelita é rejeitada em uma leitura mais atenta da Bíblia Hebraica. Esta passagem diz que nem todas as pessoas do reino do norte foram exiladas pelos Assírios. Alguns, talvez confirmando a versão Samaritana, permaneceram mesmo após a conquista Assíria da terra no século 8 AC.


4) Os Israelitas situados na Judéia (os Judeus) acreditam que não só os Samaritanos optaram por rejeitar as palavras dos profetas a respeito supremacia de Sião e dinastia Davídica, mas  também deliberadamente mudaram a própria Torá para ajustar sua teologia e práticas heréticas. Esta é uma das visões que podem ser tiradas da comparação dos dois Pentateucos, a Torá dos Samaritanos e a Torá dos Judeus. O texto Samaritano permite leitura muito melhor do que o mesmo Judeu. Em alguns casos, as histórias da Torá Judaica parecem truncadas, com pouca  lógica e fluxo narrativo não claro. Em contraste, os textos da Torá Samaritana parecem ter um fluxo narrativo muito mais suave. Superficialmente, isto torna a Torá Judaica problemática. Após uma análise mais aprofundada, no entanto, isso poderia levar ao argumento de que o Pentateuco Samaritano seria uma revisão ou edição tardia de texto Judaico anterior. Com base neste e em outros argumentos, estamos de acordo com a visão Judaica  argumentando que a Torá Samaritana é uma revisão magistral e teologicamente dirigida  dos primeiros  textos Judaicos correspondentes.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

NARCISISMO

O que é narcisismo?
Com base nas ressonâncias desse termo, Freud desenvolveu um dos conceitos mais importantes de sua teoria
Por Maria Laurinda Ribeiro de Souza

Muitas vezes a palavra “narcisismo” é utilizada no senso comum de maneira pejorativa, para designar um excesso de apreço por si mesmo. Para a psicanálise, trata se de um aspecto fundamental para a constituição do sujeito. Um tanto de amor por si é necessário para confirmar e sustentar a autoestima, mas o exagero é sinal de fixação numa identificação vivida na infância.


A ilusão infantil de que o mundo gira ao nosso redor é decisiva nessa fase, mas para o desenvolvimento saudável é necessário que se dissipe, conforme deparamos com frustrações e descobrimos que não ser o centro do universo tem suas vantagens. Afinal, ser “tudo” para alguém (como acreditamos, ainda bem pequenos, ser para nossa mãe) é um fardo pesado demais para qualquer pessoa. Alguns, no entanto, se iludem com o fascínio do papel e passam sua vida almejando o modelo inatingível de perfeição.

Diz o mito grego que Narciso era uma criança tão linda e admirada que sua mãe, Liríope, preocupada com esse excesso, levou-o até o sábio Tirésias. Ele lhe disse que o menino só teria uma vida longa se jamais visse a própria imagem. Por muito tempo essas palavras pareceram destituídas de sentido, mas os acontecimentos que se desenrolaram mostraram seu acerto. Na adolescência, Narciso era um jovem belíssimo, mas muito soberbo. Ao passear certo dia pelo campo, a jovem Eco o viu e se apaixonou por ele, mas o rapaz a repeliu. Um dia, cansado, Narciso dirigiu-se a uma fonte de águas límpidas. Eis então que a profecia se realiza: ao ver-se refletido no espelho das águas, enlouqueceu de amor pelo próprio reflexo. Embevecido, não tinha olhos nem ouvidos para mais nada: não comia ou dormia. Em vão, Eco suplicava seu olhar. Mas Narciso só olhava para si. Apaixonado, ensimesmado, busca para aplacar sua dor um outro que, sendo ele mesmo, não lhe responde. Realizasse, então, seu destino: mergulha no espelho e desaparece no encontro impossível.

Sem a possibilidade de reconhecimento do que é a própria imagem e do que é o outro, o corpo de Narciso tornou-se pura miragem e desfez-se nas águas... E Eco, que só a Narciso perseguia, só por ele clamava, só nele vivia, petrificou-se e perdeu o poder de sua própria palavra. Narciso não cria laços; não partilha seu encanto. Perde-se na imagem de si. Eco também se perde e, no desencontro, entrega-se à repetição compulsiva, sem poder se separar da miragem idealizada.

Com base nas ressonâncias desse mito Freud desenvolverá um dos conceitos mais importantes de sua teoria – o narcisismo. Mencionado pela primeira vez em seus escritos em 1909, é apresentado como uma fase própria do desenvolvimento humano, quando se realiza a passagem do autoerotismo, do prazer centrado no próprio corpo, para o reconhecimento e a busca do amor em outros objetos – diferentes de si. Passagem importante e cheia de inquietações já que implica a saída da gratificação por aquilo que é efeito apenas da própria imagem – “Narciso só reconhece o que é espelho” – para a realização de uma das conquistas mais importantes da cultura: a possibilidade de viver, aceitar e trabalhar com a alteridade e, portanto, com as diferenças.

Freud aborda explicitamente esse conceito – efeito do confronto vivido por ele mesmo ao deparar com argumentos de Adler e Jung, que questionavam suas teorias acerca do lugar ocupado pela sexualidade na constituição da subjetividade e na compreensão das patologias. A legitimidade do conceito justificouse a partir da experiência freudiana com a clínica, naquilo que reconheceu como resistência dos pacientes em abandonar suas posições amorosas, nas manifestações da onipotência infantil e do pensamento mágico, nas doenças orgânicas e na hipocondria – quando toda a libido se volta para o corpo doente – e nos delírios de grandeza das psicoses. Em O mal-estar na civilização, de 1930, Freud diz que um dos grandes obstáculos do homem em sua busca pela felicidade, e que lhe traz maiores dificuldades, é o sofrimento resultante das relações humanas, pois elas nos colocam em confronto com aquilo que, não sendo espelho, nos solicita novos posicionamentos.

Toda criança, ao nascer, é banhada por vários olhares e desejos. Quando se contemplar no espelho, não verá o simples reflexo físico de uma imagem, mas tudo o que esses olhares depositaram no seu corpo. É um momento fulgurante de “sua majestade, o bebê!”. Júbilo para a criança e para os pais, que veem renascer das cinzas sua própria imagem idealizada e todos os seus anseios irrealizados. Instante de narcisismo primário – constitutivo e alienante. O bebê será um herói, vencerá todos os perigos; trata-se de um momento necessário, mas cheio de riscos. Se não ocorre, a imagem de si pode não se constituir, pode se fragilizar, parecendo insuficiente. Se for excessivo, torna-se aprisionante, comprometendo o futuro, a possibilidade de construção de projetos e os ideais.

Se tudo correr bem, a criança se desligará desse olhar primordial e escapará do destino fatal de Narciso – embeber-se, afogado, na tentativa de perpetuar o encontro com a imagem que as águas lhe devolviam. Os desdobramentos do narcisismo são de fundamental importância para a análise do mundo em que vivemos. A valorização da imagem e do sucesso a qualquer custo reduz a tolerância das mínimas divergências – o que Freud chamou de narcisismo das pequenas diferenças – e acirra os conflitos, seja nas pequenas discordâncias do cotidiano ou nos grandes conflitos bélicos. Se o outro não me satisfaz, se não é espelho daquilo que almejo, se tenta opor se às minhas vontades e ameaça minha autoestima, eu o aniquilo. O terreno é propício para preconceitos, fanatismos e violência.


A tragédia vivida por Narciso não nos abandona. Deixa sempre restos que nos fazem seguir pela vida tentando reencontrar o olhar mágico que nos enlevava e nos dizia tudo que éramos. Busca incessante de certezas, de entrega passiva às ilusões...

sábado, 20 de maio de 2017

Manuscritos do Mar Morto

O Verdadeiro Tesouro dos Manuscritos do Mar Morto


 Peter Colón
“A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices [...] são mais desejáveis do que ouro, [...] em os guardar há grande recompensa [...] Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata” (Salmo 19.7,10-11; Salmo 119.72).

Muhammad estava agitado e inquieto. Sua cabra travessa tinha sumido. Ao vaguear sem rumo longe de seu rebanho e de seus amigos, o beduíno chegou a uma caverna que ficava em posição elevada e dava frente para a costa noroeste do Mar Morto. Por pensar que o animal desgarrado tivesse se perdido dentro da caverna, o beduíno começou a jogar pedras pela entrada da gruta a fim de fazê-lo sair lá de dentro. Quando ele ouviu o ruído das pedras que batiam em peças de cerâmica, ficou intrigado. Será que lá dentro da caverna poderia haver um tesouro escondido? Com toda a empolgação, ele correu até a entrada da caverna, porém, no interior dela não encontrou ouro, nem prata, apenas jarros grandes e antigos ao longo das paredes, os quais continham rolos de pergaminhos despedaçados. Ele pensou: “pelo menos os pergaminhos de couro vão servir para fazer correias e tiras de sandálias”. Lamentavelmente, Muhammad não conseguiu perceber a real importância daquele momento. A teimosia de sua cabra o levara àquela que pode ser considerada, nos tempos modernos, a maior descoberta de manuscritos: uma incalculável reserva entesourada da Palavra escrita – os Manuscritos do Mar Morto.

Beduínos não marcam o tempo como os ocidentais, mas assemelham-se aos seus antepassados; sua concepção de tempo e momento está relacionada com outros acontecimentos. Assim, não se pode datar essa descoberta com precisão. Após uma revisão, a nova data para a descoberta do primeiro rolo de manuscritos é a de 1935 ou 1936. A partir de então até o ano de 1956, muitos outros manuscritos foram achados. Acredita-se que esses manuscritos sejam de datas diferentes, as quais variam do século III a.C. até o século I d.C. A maior parte deles foi descoberta em cavernas de formação calcária em Qumran, situadas exatamente a noroeste do Mar Morto. A maioria dos pergaminhos é escrita em hebraico; o restante deles é escrito em aramaico e grego. Foram achados mais de 900 documentos, que correspondem a 350 obras distintas em suas múltiplas cópias. Muitos dos escritos bíblicos e extrabíblicos estão representados em pequeníssimos fragmentos. Só em uma caverna foram encontrados 520 textos, na forma de 15 mil fragmentos. Como se pode imaginar, juntar todos esses pedaços de pergaminho na sua respectiva posição para que se faça a tradução tem se constituído numa tarefa gigantesca.

A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas que crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos naatualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Na foto: as cavernas de Qumran.

A descoberta dos Manuscritos do Mar Morto confirma aquilo que as pessoas   
que crêem na Bíblia sempre souberam, ou seja, que a Bíblia, tal qual a temos na atualidade, é um texto que passa nos testes de fidedignidade. Apesar dos ataques contra a Bíblia, a Palavra de Deus permanece para sempre: “O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam” (2 Samuel 22.31).

Sempre houve pessoas que questionaram a confiabilidade das Escrituras. Uma vez que o texto foi copiado e re-copiado ao longo dos séculos, os críticos alegam que é impossível saber-se com certeza o que os escritores bíblicos escreveram ou queriam dizer originalmente. Os Manuscritos do Mar Morto invalidam tal hipótese ou suposição no que se refere ao Antigo Testamento. Foram achadas entre 223 e 233 cópias das Escrituras Hebraicas, as quais foram comparadas com o texto atual. O único livro do Antigo Testamento que não foi encontrado nessa descoberta é o livro de Ester. É possível que ele esteja oculto numa caverna ainda não identificada de algum lugar isolado.

Antes dessa descoberta, os manuscritos mais antigos das Escrituras Hebraicas datavam do século IX d.C. ao século XI d.C. Tais manuscritos constituem aquele que é chamado de Texto Massorético, termo este originado da palavra hebraica masorah que significa “tradição”. Os escribas judeus de Tiberíades, denominados massoretas, procuraram meticulosamente padronizar o texto hebraico e sua pronúncia; a obra que realizaram ainda é considerada uma referência confiável nos dias de hoje. Os manuscritos de Qumran são, no mínimo, mil anos mais antigos que o Texto Massorético. Na realidade, esses manuscritos são até mesmo mais antigos que a Septuaginta, uma tradução grega do Antigo Testamento elaborada no Egito durante o período de 300 a 200 a.C.

Vasos encontrados em Qumran.

Comparações minuciosas têm sido feitas entre o Texto Massorético e os Manuscritos do Mar Morto. Encontraram-se diferenças insignificantes de ortografia e gramática. Os críticos e céticos em relação à Bíblia ficaram surpresos quanto à maneira pela qual o texto daqueles manuscritos se assemelha ao texto atual. Eles não encontraram nenhuma objeção evidente às principais doutrinas das Escrituras Sagradas. A parte bíblica da literatura descoberta em Qumran confirma o estilo de expressão verbal e o significado do Antigo Testamento que temos em nossas mãos na atualidade: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5.39).

Além das cópias das Escrituras do Antigo Testamento, as cavernas do Mar Morto também nos proporcionaram outras obras escritas. Esses documentos descrevem o estilo de vida e as crenças da misteriosa comunidade que viveu na região de Qumran. Embora não sejam escritos bíblicos, são registros valiosos que possibilitam a compreensão do contexto de vida e da cultura na época do Novo Testamento. Infelizmente os estudiosos dão mais atenção a essas obras de menor relevância do que às Escrituras, ainda que os textos bíblicos sejam mais importantes para os problemas da vida, pois o legítimo plano de Deus para a redenção da humanidade só se encontra no texto da Bíblia.

Uma Exatidão Maravilhosa


O grande rolo de Isaías, encontrado quase intacto em Qumran.

O Manuscrito do Livro [i.e., rolo] de Isaías encontrado na caverna 1 da região de Qumran oferece um sensacional exemplo da transmissão exata do texto na tradução. Acredita-se que esse extraordinário manuscrito date de cem anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Foi um manuscrito semelhante a esse que Jesus utilizou na sinagoga da aldeia de Nazaré, quando leu a seguinte passagem das Escrituras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres” (Lucas 4.18; Isaías 61.1). Ele continuou a leitura até determinado ponto. Em seguida, devolveu o livro [i.e., rolo] ao assistente da sinagoga e se sentou. Enquanto todos tinham os olhos fitos em Jesus, Ele declarou que aquela porção das Escrituras acabara de se cumprir diante dos ouvintes. Dessa forma, Jesus afirmou claramente ser Ele mesmo o Messias de Deus, vindo ao mundo para conceder a salvação a todo aquele que O receber.

A mesma passagem bíblica traduzida diretamente a partir do Manuscrito do Livro de Isaíasdescoberto em Qumran (o qual é cerca de mil anos mais antigo do que o manuscrito hebraico [i.e., o Texto Massorético] no qual se basearam as outras traduções), é praticamente idêntica: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque YHVH [N. do T., o tetragrama sagrado em hebraico que se refere ao nome supremo de Deus: Yahveh ou Javé] me ungiu para pregar as boas novas aos quebrantados”. A integridade da reivindicação de Cristo, conforme está escrita em nossas Bíblias, se confirma.

É fascinante que os manuscritos achados com mais freqüência em Qumran, sejam completos, sejam na forma de pequenos fragmentos, referem-se aos mesmos livros da Bíblia geralmente citados no Novo Testamento: Deuteronômio, Isaías e Salmos. Tal fato desperta um interesse ainda maior à luz das próprias palavras de Jesus concernentes às Escrituras Hebraicas:

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44).

Muitos outros exemplos poderiam ser citados. O fato principal acerca da Bíblia e desses rolos de manuscritos resume-se naquilo que um grande expositor das Escrituras, o inglês G. Campbell Morgan (1863-1945), certa feita compartilhou: “Não existe vida nas Escrituras em si mesmas, porém, se seguirmos a direção para onde as Escrituras nos levam, elas nos conduzirão até Ele e assim encontraremos a vida, não nas Escrituras, mas nEle através delas”.[1]

“Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8).

Infindáveis argumentações e debates têm surgido acerca desses manuscritos. Contudo, os crentes em Cristo podem estar certos de que tais manuscritos bíblicos antigos ratificam, apóiam e dão credibilidade à Bíblia que temos nos dias de hoje. A Palavra de Deus continua a ser a única fonte legítima da fé e da doutrina para todo aquele que busca recompensa eterna.

“São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.10-11).

Sendo assim, pobre Muhammad! Ele tinha esperança de encontrar os tesouros deste mundo, mas achou apenas pergaminhos despedaçados que só prestavam para fazer correias de sandálias! Lamentavelmente o lucro deste mundo é uma prioridade que absorve a pessoa completamente. O mundo considera as Escrituras Sagradas como algo sem valor; ou com alguma utilidade, de vez em quando, para serem citadas como “palavras da boca pra fora”, mas nunca para serem aceitas pela fé e praticadas. Todavia, nós, os salvos em Cristo, temos um conhecimento mais apurado. Temos conhecimento suficiente para não desprezar o tesouro verdadeiro e incalculável que só pode ser descoberto quando se faz uma escavação no solo da Palavra de Deus:


“E, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus” (Provérbios 2.3-5). (Peter Colón - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br)

A Mais Antiga das Antigüidades
A cópia mais antiga das Escrituras do Antigo Testamento conhecida até o dia de hoje foi descoberta em 1979. São dois minúsculos rolos de manuscritos feitos de prata, que eram usados como talismãs e foram descobertos dentro de um túmulo em Jerusalém. O texto de sua inscrição foi cunhado em hebraico antigo. O manuscrito, surpreendentemente, continha uma citação da benção sacerdotal registrada em Números 6.24-26:
“O Senhor te abençoe e te guarde;o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz”.
A inscrição data do século VII a.C., por volta da época do templo de Salomão e do profeta Jeremias. Portanto, esses versículos, provenientes do quarto livro da Torah [i.e., do Pentateuco], são cerca de 400 anos mais antigos do que os Manuscritos do Mar Morto.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

A ira de Deus na Bíblia Hebraica

A ira de Deus na Bíblia Hebraica
A Bíblia está repleta de exemplos de Deus ficando louco com o comportamento pecaminoso de seu povo. Por outro lado, a Bíblia repetidamente nos tranquiliza, pois Deus é "tardio em irar-se". O que significa exatamente o fato de um Deus transcendente ter emoções físicas como raiva e paciência? A resposta pode ser encontrada ao se remover as camadas de tradução e ver o original hebraico da Bíblia.
Queimando de ira
A Bíblia contém muitas histórias famosas em que o Deus de Israel é provocado até a ira pelos pecados de seu povo. Em muitos desses casos, o texto diz que "sua ira foi inflamada" (Jó 19:11) contra alguém. Felizmente, também é verdadeira a reação oposta de Deus, descrito como “tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade” (Êxodo 34:6).
O temperamento divino redefinido
Deus é realmente semelhante a uma pessoa comum temperamental? Como podemos entender isso? No hebraico original, a palavra para "ira" é af que, na verdade, significa "narina". Assim, a frase "sua ira foi inflamada" em hebraico significa literalmente que Deus está tão zangado que "suas narinas queimavam". O oposto, "tardio em irar-se", literalmente significa "suas narinas foram alongadas" - permitindo que o calor da raiva escapasse. 
Estude a Bíblia em sua intenção original

É realmente difícil entender algo tão abstrato e transcendente como Deus. É claro que o Deus incorpóreo de Israel não tem narinas! Esta é apenas uma metáfora usada pelos antigos israelitas para ajudá-los na visualização da ira divina. Infelizmente, nossas traduções bíblicas modernas disfarçam essas poderosas metáforas com a linguagem abstrata.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

OS MAGOS DO ORIENTE

OS MAGOS DO ORIENTE

O, “magos”, em grego magoi, descritos Em Mateus 2 vieram do leste de Jerusalém, procurando onde era nascido o rei dos judeus pois viram a sua “estrela” no oriente e por isso vieram adorá-lo2. Eles não eram reis, por isso é contumaz um equívoco chamá-los de “Reis Magos”. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago, que no início do Século III teria escrito que os Magos do Oriente eram também reis. O motivo parece advir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo 68:29: “Por amor do Teu Templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.”
Em vez disso, os “magos” eram sacerdotes extremamente sábios que produziam uma espécie de ciência que seria uma astronomia incipiente, às vezes amalgada com uma cultura astrológica de então. Eles eram seguidores de uma religião persa denominada Zoroastrismo. Eram considerados “sábios”, e por isso, conselheiros de reis. Poderiam ter vindo de três prováveis lugares:
a) Babilônia, o mais provável;
b) Pérsia (Irã) ; ou
c) até mesmo da Arábia, opinião advogada por Justino, cristão importante que viveu no segundo século.
Um fator extremamente importante tem a ver com a existência de uma grande comunidade de raiz judaica na antiga Babilônia, o que sem dúvida teria permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus por parte dos sábios, e a sua posterior associação de simbolismos aos fenômenos celestes que ocorriam. Consequentemente, associando as profecias conhecidas através dos judeus com seus estudos astronômicos e astrológicos, não foi difícil para estes Sábios reconhecerem a revelação divina quanto ao nascimento do Messias, o verdadeiro Rei que reinaria por todo o sempre. A antiga interpretação da história cristã através de Inácio, Justino, Tertuliano, Orígenes e Hilário é que a astrologia e a magia se curvavam ante o bebê recém nascido, Jesus, reconhecendo que seus dias estavam contados , em face do saber que vem do alto.
3. Os Magos do Oriente
Quantos magos vieram ver Jesus?
A Bíblia não diz quantos magos vieram ver o bebê Jesus em Belém. O evangelista Mateus diz que “uns magos” vieram visitá-lo. E o artigo indefinido “uns” não é sinônimo de três. O fato de serem três presentes oferecidos a Jesus também nada prova, uma vez que a forma de se presentear no oriente era diversa da que nós fazemos hoje no Ocidente. A ideia de que os visitantes eram três pelo fato de que houve três presentes não passa de suposição, sem qualquer base verdadeira no texto ou na história.
As igrejas cristãs primitivas argumentavam e discutiam sobre esse ponto. Os cristãos orientais têm uma tradição de doze sábios, cada um dos quais representaria uma das doze tribos de Israel. Alguns antigos mosaicos mostram apenas dois magos, ao passo que outros exibem sete ou mesmo onze.
O número onze teve apoiadores especiais, porquanto representa um número espiritual, visto que foi o número dos fiéis discípulos de Cristo. Entretanto, a partir do século VI a igreja ocidental estabeleceu o número de magos como três, que representariam as três raças principais da humanidade ou a Trindade. Era uma época em que se fazia de tudo para argumentar sobre a doutrina da Trindade e o número de três magos veio como uma espécie de analogia para ajudar na comprovação desta doutrina.
O que levou a igreja ocidental a estabelecer o número de magos como sendo três? No século IV a imperatriz Helena, mãe do imperador romano Constantino, teve enorme interesse em relação ao debate acerca de quem seriam esses magos. Ela era uma mulher extremamente atarefada em investigar e descobrir relíquias e lugares santos da história de Cristo. Na companhia de sacerdotes, eruditos e um astrólogo, ela fez uma viagem à Terra Santa (Israel) e eles estabeleceram alguns mitos que aos poucos tornaram-se crenças populares no meio cristão. Por exemplo, concordaram sobre o local exato do nascimento de Jesus em Belém e deram ordens para o soerguimento de uma ornamentada igreja no local. Também consagraram um sepulcro qualquer em Jerusalém supondo que seria o local em que Jesus fora sepultado.
Na mesma lógica de trabalho, a equipe descobriu três esqueletos no caminho e decidiram aleatoriamente que seriam os restos mortais dos “três magos”, que teriam sido assassinados no caminho de volta para sua terra, depois da visita a Herodes, pois essa era a explicação dos conselheiros da imperatriz. Muito tempo depois, no século IX, foram criados os seus nomes: o que deu ouro seria Melquior; o que deu incenso, Gaspar; e o que deu mirra, Baltazar. Há lendas até sobre o lugar em que foram sepultados, mas nenhum desses detalhes tem base histórica, pois foram mitos criados para satisfazer o espírito de exatidão que permeia tais lendas.
Há uma lenda que afirma que quando o veneziano Marco Polo (1254-1324) viajou para a Pérsia, as supostas tumbas dos magos lhe foram mostradas, com seus corpos perfeitamente conservados. Competindo com esta tradição, diz outra que o Imperador Zeno recuperou as relíquias dos magos em 490, em Hadramaut, na Arábia do sul. Logo depois, de Constantinopla elas foram para Milão. Quando o Imperador alemão Frederico I Barba-Ruiva (1152-1190) conquistou Milão, seu chanceler Reinald von Dassel, conseguiu levar as relíquias dos magos para sua cidade natal, Colônia. Assim, os magos, depois de tantas andanças, descansariam em paz na famosa catedral gótica de Colônia, Alemanha, desde 1164. Obviamente que tais lendas carecem de veracidade histórica, não havendo comprovação alguma quanto a estes fatos criados durante os séculos de cristianismo.
3.2 Que idade tinha jesus quando eles o visitaram?
TST as festas natalinas, nos presépios e nas encenações nas igrejas há um enorme equívoco ao se apresentar ao público a visita dos magos quando Jesus ainda está na manjedoura, sendo ainda um bebê. Essa é uma lenda existente na crença popular dos cristãos, mas ela não reflete verdade nenhuma sobre o que aconteceu. E provável que Jesus já tivesse dois anos ou, talvez, um pouco menos, quando os magos vieram visitá-lo. O grande problema no cristianismo (e em qualquer outra religião) é que as pessoas se acostumam a crer na tradição de lendas a respeito dos assuntos que envolvem a pessoa de Cristo, tornando-se cegas e incapazes de raciocinar ou até de pensar em outra possibilidade. Não é mister ter um alto grau de inteligência ou estudar acuradamente o texto, para se chegar a conclusão óbvia de que Jesus não era mais um bebê e sim uma criança quando foi visitado pelos magos. Há seis fortes argumentos que evidenciam claramente que Jesus já estivesse caminhando e falando algumas palavras quando foi visitado pelos magos:
a) o autor do Evangelho de Mateus se refere a Jesus nesse episódio como uma criança e não como um bebê;
b) Jesus já estava em sua casa em Belém e não mais na manjedoura; já havia ido a Jerusalém para ser apresentado no Templo e retornado para casa;
c) o fato de Maria ter dado apenas dois pássaros no templo como contribuição pelo nascimento do menino, o que a identificava como muito pobre, e não doou parte dos presentes que supostamente já teria ganho, já que na visita, ela, através de seu filho, ganhou ouro e outros itens valiosos.
d) a viagem do Oriente a Jerusalém demorava vários meses de preparação e vários outros de jornada pelo deserto. Os magos viram a “sua estrela” no Oriente pela primeira vez bem antes de visitá-lo;
e) os magos dão a informação solicitada por Herodes acerca do tempo em que a estrela aparecera, pois este queria matar o menino e por isso precisava saber da idade dele;
f) quando os magos não voltam a Herodes dando maiores informações acerca do endereço do menino, o rei mandou matar todos os meninos de Belém de dois anos para baixo, ou seja, a idade suposta do menino Jesus.
Conclusão
Poucas narrativas bíblicas têm sido consideradas como contendo tantas verdades espirituais como esta dos magos do oriente. Ela fornece um tipo de história resumida de todo o cristianismo. O Filho de Deus foi revelado primeiro ao judeu (José e Maria) e depois ao gentio (os astrólogos estrangeiros). Foi revelado primeiro aos humildes e ignorantes e então aos honrados e eruditos. Foi revelado aos pobres primeiro e depois aos ricos. Foi revelado ao ocidente primeiro, depois ao oriente. Foi revelado a pessoas do povo de Deus pelo método usual de Deus se manifestar: a revelação; foi revelado aos astrônomos do oriente por um método adequado aos seus hábitos e sua compreensão. Ao final, temos o objetivo principal dessa máxima revelação de Deus na história, Jesus Cristo - todos devem ir a Jesus não para obter vantagem pessoal, mas tão somente para adorá-lo.

Extraido do livro "como entender os textos mais polêmicos da Bíblia"
Jaziel Guerreiro