sábado, 12 de novembro de 2016

VESTES SACERDOTAIS


AS VESTES SACERDOTAIS
As roupas santas apontavam para a justiça de Cristo (Apocalipse 19.8), e indicavam que os sacerdotes eram homens ativos e preparados para a obra de Deus.
1. A túnica. Esta é a primeira peça descrita em Êxodo 28.39: "Mandarás tecer a túnica e a mitra de linho fino, e bordar artisticamente o cinto". A túnica de linho fino era uma peça interior, representando o Evangelho, que não pode ser partido ou fragmentado: "Os soldados pois, quando crucificaram a Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram quatro partes; para cada soldado... A túnica, porém, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sorte sobre ela para ver a quem caberá - para se cumprir as Escrituras: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Assim, pois, o fizeram os soldados" (João 19.23,24).
2. A sobrepeliz. "Farás o manto do éfode todo de púrpura violácea. Terá no meio uma abertura para a cabeça, e esta abertura terá em toda a volta uma barra reforçada, como a orla do colete que não se rasga. Na parte inferior, ao redor de toda a orla, porás romãs de púrpura violácea, vermelha e carmesim, alternando com campainhas de ouro. Haverá uma campainha de ouro e uma romã, sucessivamente, em volta de toda a orla inferior do manto. Arão o vestirá para exercer o ministério, e será ouvido quando entrar e sair do santuário, sem morrer na presença do Senhor" (Êxodo 28.31-35). O manto do éfode, ou sobrepeliz, era uma peça curta, feita em azul. Possuía uma abertura para a cabeça e era bordada com romãs em azul, púrpura e carmesim. Havia também campainhas de ouro, entre uma romã e outra. Os frutos só podem surgir de uma vida redimida (carmesim), santificada (fundo branco), glorificada (a púrpura), e assentada nos lugares celestiais (o azul). Estas cores correspondem ao estado do crente conforme Efésios 2.5,6: "E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". As campainhas de ouro, que falam da adoração, ou glorificação, estão acompanhadas das romãs, um tipo da frutificação. O verdadeiro louvor e a verdadeira adoração só acontecem, só se tomam efetivos, quando há frutificação.
3. A estola. Também conhecida por éfode, a estola sacerdotal está descrita em Êxodo 28.6-12: "O éfode será feito de ouro, de púrpura violácea, vermelha e carmesim e de Unho fino torcido, artisticamente entretecidos. Terá duas ombreiras pregadas nas duas extremidade s e assim será prendido. O cinto que está por cima do éfode será do mesmo tecido: de ouro, de púrpura violácea, vermelha e carmesim e de linho fino torcido. Tomaras duas pedras de ônix e gravarás os nomes das tribos israelitas: seis nomes numa pedra e os restantes seis na outra pedra, por ordem de nascimento. Nas duas pedras gravarás os nomes das tribos de Israel, assim como trabalha o lapidador gravando sinetes, e as embutirás em engastes de ouro. Depois inserirás as duas pedras nas ombreiras do éfode, como recordação para os israelitas. Deste modo levará Arão os seus nomes sobre os dois ombros na presença do Senhor, como recordação". Esta peça dividia-se em duas partes: frente e costas, unidas por duas pedras de ônix, com os nomes das doze tribos que Arão levava diante do Senhor. Sobre seus ombros Jesus suporta, com o seu poder, todo o seu povo. Notem também as cores desta peça: o ouro, o azul e o carmesim, que falam dos aspectos do caráter de Jesus.
4. O peitoral. "Mandarás fazer o peitoral do juízo artisticamente trabalhado, do mesmo tecido do éfode; de ouro, de púrpura violácea, vermelha e carmesim e de Unho fino torcido. Dobrado, ele será quadrado, com um palmo de comprimento e um de largura. Enfeitarás o peitoral com engastes de pedraria, quatro carreiras de pedras preciosas. Na primeira carreira haverá um rubi, um crisólito e uma esmeralda; na segunda uma turquesa, uma safira e um ônix; na terceira, uma opala, uma ágata e uma ametista; e na quarta, um crisólito, um berilo e um jaspe. Elas estarão engastadas em ouro. As pedras levarão os doze nomes dos filhos de Israel. Serão gravadas como sinetes, cada uma com o nome de uma das doze tribos... Assim, quando Arão entrar no santuário, levará sobre o coração os nomes das tribos de Israel no peitoral do juízo, como recordação perpétua na presença do Senhor" (Êxodo 28.15-21,29).


As vestes sacerdotais apontavam  para  a justiça  de Cristo

Diferentemente da estola, onde Cristo suporta sobre seus próprios ombros o seu povo, no peitoral esse mesmo povo, agora representado por doze pedras, está no coração de seu Senhor e Salvador. Jesus disse: "Como o Pai me amou, também eu vou amei; permanecei no meu amor" (João 15.9). Estando assim no coração de Cristo, podemos perguntar com Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?" (Romanos 8.35). "A excelência peculiar de uma pedra preciosa consiste no fato que quanto mais intensa é a sua luz que sobre ela incide, tanto maior é o seu brilho esplendente. A luz nunca pode obscurecer uma pedra preciosa; apenas aumenta e desenvolve o seu brilho. As doze tribos, tanto uma como outra, a maior como a menor, eram levadas continuamente à presença do Senhor sobre o peito e os ombros de Arão. Eram todas, e cada uma em particular, mantidas na presença divina em todo este resplendor perfeito de formosura inalterável que era próprio da posição em que a graça perfeita do Deus de Israel as havia colocado. O povo era representado diante de Deus pelo sumo sacerdote. Quaisquer que fossem as suas fraquezas, os seus erros, ou faltas, os seus nomes resplandeciam sobre o peitoral com imarcescível esplendor...
"Quão animador é para os filhos de Deus, que são provados, tentados, zurzidos e humilhados, pensar que Deus os vê sobre o coração de Jesus! Perante os seus olhos, eles brilham sempre em todo o fulgor de Cristo, revestidos de toda a graça divina. O mundo não pode vê-los assim; mas Deus vê-os desta maneira, e nisto está toda a diferença. Os homens, ao considerarem os filhos de Deus vêem apenas as suas imperfeições e defeitos, porque são incapazes de ver qualquer coisa mais; de sorte que o seu juízo é sempre falso e parcial. Não podem ver as jóias brilhantes com os nomes dos remidos gravados pela mão do amor imutável de Deus". (Mackintosh, ob.cit.,pp. 241,242.)
"No peitoral do juízo porás o Urim e Tumim. Estarão sobre o coração de Arão quando se apresentar ao Senhor, e assim levará constantemente sobre o coração, na presença do Senhor, o julgamento dos israelitas" (Êxodo 28.30). Que linda figura! Jesus leva o nosso julgamento sobre seu coração diante do Senhor! Ouçamos ainda Mackintosh: "Aprendemos em várias passagens da Escritura que o Urim estava relacionado com a comunicação da mente de Deus, quanto às diferentes questões que se levantavam nos pormenores da história de Israel. Assim, por exemplo, na nomeação de Josué, lemos: E se porá perante Eleazar, o sacerdote, o qual por ele consultará, segundo o juízo de Urim, perante o Senhor (Números 27.21). E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim (as tuas perfeições e luzes) são para o teu amado... ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a Israel (Deuteronômio 33.8-10). E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas (1 Samuel 28.6). E o Tirsata lhes disse que não comessem das coisas sagradas, até que houvesse sacerdote com Urim e com Tumim (Esdras 2.63). Vemos assim que o sumo sacerdote não só levava o juízo da congregação perante o Senhor, como comunicava também o juízo do Senhor à congregação -solenes, importantes, e preciosas funções! E o que temos, com perfeição divina, no nosso grande sumo sacerdote... que penetrou nos céus (Hebreus 4.14). Leva continuamente o juízo do seu povo sobre o coração, e, por intermédio do Espírito Santo, comunica-nos o conselho de Deus a respeito dos pormenores mais insignificantes da nossa vida diária. Não temos necessidade de sonhos ou visões: se andarmos em Espírito, desfrutaremos toda a certeza que pode conceder o perfeito Urim sobre o coração do nosso Sumo Sacerdote". 
5. O cinto. "O cinto que está por cima do éfode será do mesmo tecido: de ouro, de púrpura violácea, vermelha e carmesim e de linho fino torcido. O peitoral se unirá por suas argolas às do éfode com um cordão de púrpura violácea, para que o peitoral fique por cima do cinto do éfode, e não se desprenda do éfode" (Êxodo 28.8,28): "Por isso cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo" (1 Pedro 1.13).
O cinto é tipo da verdade, como escreveu Paulo: "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça" (Efésios 6.14). A verdade confere estabilidade ao caráter, unindo todas as virtudes. Por ser muito largo e longo, moderava o movimento do sacerdote. A Palavra de Deus impõe disciplina, prudência e modifica a nossa maneira de andar e de viver: "Educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito 2.12,13).
As três palavras do texto citado indicam que o crente tem de viver sua vida de maneira sensata, justa e pia. São as três principais fases da corrida cristã: sensata é a vida vivida de bem com nós mesmos. A vida justa é aquela vivida de bem com nosso próximo, e a vida piedosa é aquela vivida de bem com Deus. Primeiramente o crente tem de resolver o seu próprio problema, buscando viver de bem consigo mesmo. Então pode viver em paz com os seus semelhantes, e, finalmente, levar uma vida piedosa, vivendo em perfeita harmonia com o próprio Deus.
O cinto, com o qual todo crente deve estar cingido, fala também de trabalho e vigilância: "Levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima, e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido" (João 13.4,5). Jesus cingiu-se para servir, para trabalhar. "Cingidos estejam os vossos corpos e acesas as vossas candeias. Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o Senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim" (Lucas 12.35,42,43). Devemos estar cingidos com o cinto da Verdade, e, vigilantes, prontos para o trabalho.
6. A mitra. Era um turbante de linho fino, apropriado para cobrir a cabeça do sumo sacerdote, que tinha, na parte dianteira, uma placa de ouro com a inscrição: "Santidade ao Senhor". "Farás também uma lâmina de ouro puro e nela gravarás à maneira de gravura de sinetes: Santidade ao Senhor. Ata-la-ás com um cordão de estofo azul, de maneira que esteja na mitra; bem na frente da mitra estará. E estará sobre a testa de Arão, para que Arão leve a iniqüidade concernente às coisas santas, que os filhos de Israel consagrarem em todas as ofertas de suas coisas santas; sempre estará sobre a testa de Arão, para que eles sejam aceitos perante o Senhor" (Êxodo 28.36-38). O apóstolo Paulo tem em mente a mitra, quando escreve: "Tomai também o capacete da salvação..." (Efésios 6.17). A placa de ouro com as palavras "Santidade ao Senhor" mostra que sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14).
7. Calções de linho. Cobriam dos lombos às coxas, e indicavam que todo o serviço devia ser espontâneo: "Faze-lhes também calções de linho para cobrirem a pele nua: irão da cintura às coxas" (Êxodo 28.42): "Tiaras de Unho lhes estarão sobre as cabeças, e calções de Unho sobre as coxas; não se cingirão a ponto de lhes vir suor" (Ezequiel 44.18).


FONTE:
O TABERNÁCULO E A IGREJA
Abraão de Almeida


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