OS MAGOS DO ORIENTE
O, “magos”, em grego magoi,
descritos Em Mateus 2 vieram do leste de
Jerusalém, procurando onde era nascido o rei dos judeus pois viram a sua
“estrela” no oriente e por isso vieram adorá-lo2. Eles não eram reis, por isso
é contumaz um equívoco chamá-los de “Reis Magos”. Julga-se que terá sido Tertuliano
de Cartago, que no início do Século III teria escrito que os Magos do Oriente
eram também reis. O motivo parece advir de algumas referências do Antigo
Testamento, como é o caso do Salmo 68:29: “Por amor do Teu Templo em Jerusalém,
os reis te trarão presentes.”
Em
vez disso, os “magos” eram sacerdotes extremamente sábios que produziam uma
espécie de ciência que seria uma astronomia incipiente, às vezes amalgada com
uma cultura astrológica de então. Eles eram seguidores de uma religião persa
denominada Zoroastrismo. Eram considerados “sábios”, e por isso, conselheiros
de reis. Poderiam ter vindo de três prováveis lugares:
a)
Babilônia, o mais provável;
b)
Pérsia (Irã) ; ou
c)
até mesmo da Arábia, opinião advogada por Justino, cristão importante que viveu
no segundo século.
Um
fator extremamente importante tem a ver com a existência de uma grande
comunidade de raiz judaica na antiga Babilônia, o que sem dúvida teria
permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus por parte dos
sábios, e a sua posterior associação de simbolismos aos fenômenos celestes que
ocorriam. Consequentemente, associando as profecias conhecidas através dos
judeus com seus estudos astronômicos e astrológicos, não foi difícil para estes
Sábios reconhecerem a revelação divina quanto ao nascimento do Messias, o
verdadeiro Rei que reinaria por todo o sempre. A antiga interpretação da
história cristã através de Inácio, Justino, Tertuliano, Orígenes e Hilário é
que a astrologia e a magia se curvavam ante o bebê recém nascido, Jesus,
reconhecendo que seus dias estavam contados , em face do saber que vem do alto.
3.
Os Magos do Oriente
Quantos
magos vieram ver Jesus?
A
Bíblia não diz quantos magos vieram ver o bebê Jesus em Belém. O evangelista
Mateus diz que “uns magos” vieram visitá-lo. E o artigo indefinido “uns” não é
sinônimo de três. O fato de serem três presentes oferecidos a Jesus também nada
prova, uma vez que a forma de se presentear no oriente era diversa da que nós
fazemos hoje no Ocidente. A ideia de que os visitantes eram três pelo fato de
que houve três presentes não passa de suposição, sem qualquer base verdadeira
no texto ou na história.
As
igrejas cristãs primitivas argumentavam e discutiam sobre esse ponto. Os
cristãos orientais têm uma tradição de doze sábios, cada um dos quais
representaria uma das doze tribos de Israel. Alguns antigos mosaicos mostram
apenas dois magos, ao passo que outros exibem sete ou mesmo onze.
O
número onze teve apoiadores especiais, porquanto representa um número
espiritual, visto que foi o número dos fiéis discípulos de Cristo. Entretanto,
a partir do século VI a igreja ocidental estabeleceu o número de magos como
três, que representariam as três raças principais da humanidade ou a Trindade.
Era uma época em que se fazia de tudo para argumentar sobre a doutrina da
Trindade e o número de três magos veio como uma espécie de analogia para ajudar
na comprovação desta doutrina.
O
que levou a igreja ocidental a estabelecer o número de magos como sendo três?
No século IV a imperatriz Helena, mãe do imperador romano Constantino, teve
enorme interesse em relação ao debate acerca de quem seriam esses magos. Ela
era uma mulher extremamente atarefada em investigar e descobrir relíquias e
lugares santos da história de Cristo. Na companhia de sacerdotes, eruditos e um
astrólogo, ela fez uma viagem à Terra Santa (Israel) e eles estabeleceram
alguns mitos que aos poucos tornaram-se crenças populares no meio cristão. Por
exemplo, concordaram sobre o local exato do nascimento de Jesus em Belém e
deram ordens para o soerguimento de uma ornamentada igreja no local. Também
consagraram um sepulcro qualquer em Jerusalém supondo que seria o local em que
Jesus fora sepultado.
Na
mesma lógica de trabalho, a equipe descobriu três esqueletos no caminho e
decidiram aleatoriamente que seriam os restos mortais dos “três magos”, que
teriam sido assassinados no caminho de volta para sua terra, depois da visita a
Herodes, pois essa era a explicação dos conselheiros da imperatriz. Muito tempo
depois, no século IX, foram criados os seus nomes: o que deu ouro seria
Melquior; o que deu incenso, Gaspar; e o que deu mirra, Baltazar. Há lendas até
sobre o lugar em que foram sepultados, mas nenhum desses detalhes tem base
histórica, pois foram mitos criados para satisfazer o espírito de exatidão que
permeia tais lendas.
Há
uma lenda que afirma que quando o veneziano Marco Polo (1254-1324) viajou para
a Pérsia, as supostas tumbas dos magos lhe foram mostradas, com seus corpos
perfeitamente conservados. Competindo com esta tradição, diz outra que o Imperador
Zeno recuperou as relíquias dos magos em 490, em Hadramaut, na Arábia do sul.
Logo depois, de Constantinopla elas foram para Milão. Quando o Imperador alemão
Frederico I Barba-Ruiva (1152-1190) conquistou Milão, seu chanceler Reinald von
Dassel, conseguiu levar as relíquias dos magos para sua cidade natal, Colônia.
Assim, os magos, depois de tantas andanças, descansariam em paz na famosa
catedral gótica de Colônia, Alemanha, desde 1164. Obviamente que tais lendas
carecem de veracidade histórica, não havendo comprovação alguma quanto a estes
fatos criados durante os séculos de cristianismo.
3.2
Que idade tinha jesus quando eles o visitaram?
TST
as festas natalinas, nos presépios e nas encenações nas igrejas há um enorme
equívoco ao se apresentar ao público a visita dos magos quando Jesus ainda está
na manjedoura, sendo ainda um bebê. Essa é uma lenda existente na crença
popular dos cristãos, mas ela não reflete verdade nenhuma sobre o que
aconteceu. E provável que Jesus já tivesse dois anos ou, talvez, um pouco
menos, quando os magos vieram visitá-lo. O grande problema no cristianismo (e
em qualquer outra religião) é que as pessoas se acostumam a crer na tradição de
lendas a respeito dos assuntos que envolvem a pessoa de Cristo, tornando-se
cegas e incapazes de raciocinar ou até de pensar em outra possibilidade. Não é
mister ter um alto grau de inteligência ou estudar acuradamente o texto, para
se chegar a conclusão óbvia de que Jesus não era mais um bebê e sim uma criança
quando foi visitado pelos magos. Há seis fortes argumentos que evidenciam claramente
que Jesus já estivesse caminhando e falando algumas palavras quando foi visitado
pelos magos:
a) o
autor do Evangelho de Mateus se refere a Jesus nesse episódio como uma criança
e não como um bebê;
b)
Jesus já estava em sua casa em Belém e não mais na manjedoura; já havia ido a
Jerusalém para ser apresentado no Templo e retornado para casa;
c) o
fato de Maria ter dado apenas dois pássaros no templo como contribuição pelo
nascimento do menino, o que a identificava como muito pobre, e não doou parte dos
presentes que supostamente já teria ganho, já que na visita, ela, através de
seu filho, ganhou ouro e outros itens valiosos.
d) a
viagem do Oriente a Jerusalém demorava vários meses de preparação e vários
outros de jornada pelo deserto. Os magos viram a “sua estrela” no Oriente pela
primeira vez bem antes de visitá-lo;
e)
os magos dão a informação solicitada por Herodes acerca do tempo em que a
estrela aparecera, pois este queria matar o menino e por isso precisava saber
da idade dele;
f)
quando os magos não voltam a Herodes dando maiores informações acerca do
endereço do menino, o rei mandou matar todos os meninos de Belém de dois anos
para baixo, ou seja, a idade suposta do menino Jesus.
Conclusão
Poucas narrativas bíblicas
têm sido consideradas como contendo tantas verdades espirituais como esta dos
magos do oriente. Ela fornece um tipo de história resumida de todo o
cristianismo. O Filho de Deus foi revelado primeiro ao judeu (José e Maria) e
depois ao gentio (os astrólogos estrangeiros). Foi revelado primeiro aos
humildes e ignorantes e então aos honrados e eruditos. Foi revelado aos pobres
primeiro e depois aos ricos. Foi revelado ao ocidente primeiro, depois ao
oriente. Foi revelado a pessoas do povo de Deus pelo método usual de Deus se
manifestar: a revelação; foi revelado aos astrônomos do oriente por um método
adequado aos seus hábitos e sua compreensão. Ao final, temos o objetivo
principal dessa máxima revelação de Deus na história, Jesus Cristo - todos devem
ir a Jesus não para obter vantagem pessoal, mas tão somente para adorá-lo.
Extraido do livro "como entender os textos mais polêmicos da Bíblia"
Jaziel Guerreiro
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