quinta-feira, 11 de maio de 2017

OS MAGOS DO ORIENTE

OS MAGOS DO ORIENTE

O, “magos”, em grego magoi, descritos Em Mateus 2 vieram do leste de Jerusalém, procurando onde era nascido o rei dos judeus pois viram a sua “estrela” no oriente e por isso vieram adorá-lo2. Eles não eram reis, por isso é contumaz um equívoco chamá-los de “Reis Magos”. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago, que no início do Século III teria escrito que os Magos do Oriente eram também reis. O motivo parece advir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo 68:29: “Por amor do Teu Templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.”
Em vez disso, os “magos” eram sacerdotes extremamente sábios que produziam uma espécie de ciência que seria uma astronomia incipiente, às vezes amalgada com uma cultura astrológica de então. Eles eram seguidores de uma religião persa denominada Zoroastrismo. Eram considerados “sábios”, e por isso, conselheiros de reis. Poderiam ter vindo de três prováveis lugares:
a) Babilônia, o mais provável;
b) Pérsia (Irã) ; ou
c) até mesmo da Arábia, opinião advogada por Justino, cristão importante que viveu no segundo século.
Um fator extremamente importante tem a ver com a existência de uma grande comunidade de raiz judaica na antiga Babilônia, o que sem dúvida teria permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus por parte dos sábios, e a sua posterior associação de simbolismos aos fenômenos celestes que ocorriam. Consequentemente, associando as profecias conhecidas através dos judeus com seus estudos astronômicos e astrológicos, não foi difícil para estes Sábios reconhecerem a revelação divina quanto ao nascimento do Messias, o verdadeiro Rei que reinaria por todo o sempre. A antiga interpretação da história cristã através de Inácio, Justino, Tertuliano, Orígenes e Hilário é que a astrologia e a magia se curvavam ante o bebê recém nascido, Jesus, reconhecendo que seus dias estavam contados , em face do saber que vem do alto.
3. Os Magos do Oriente
Quantos magos vieram ver Jesus?
A Bíblia não diz quantos magos vieram ver o bebê Jesus em Belém. O evangelista Mateus diz que “uns magos” vieram visitá-lo. E o artigo indefinido “uns” não é sinônimo de três. O fato de serem três presentes oferecidos a Jesus também nada prova, uma vez que a forma de se presentear no oriente era diversa da que nós fazemos hoje no Ocidente. A ideia de que os visitantes eram três pelo fato de que houve três presentes não passa de suposição, sem qualquer base verdadeira no texto ou na história.
As igrejas cristãs primitivas argumentavam e discutiam sobre esse ponto. Os cristãos orientais têm uma tradição de doze sábios, cada um dos quais representaria uma das doze tribos de Israel. Alguns antigos mosaicos mostram apenas dois magos, ao passo que outros exibem sete ou mesmo onze.
O número onze teve apoiadores especiais, porquanto representa um número espiritual, visto que foi o número dos fiéis discípulos de Cristo. Entretanto, a partir do século VI a igreja ocidental estabeleceu o número de magos como três, que representariam as três raças principais da humanidade ou a Trindade. Era uma época em que se fazia de tudo para argumentar sobre a doutrina da Trindade e o número de três magos veio como uma espécie de analogia para ajudar na comprovação desta doutrina.
O que levou a igreja ocidental a estabelecer o número de magos como sendo três? No século IV a imperatriz Helena, mãe do imperador romano Constantino, teve enorme interesse em relação ao debate acerca de quem seriam esses magos. Ela era uma mulher extremamente atarefada em investigar e descobrir relíquias e lugares santos da história de Cristo. Na companhia de sacerdotes, eruditos e um astrólogo, ela fez uma viagem à Terra Santa (Israel) e eles estabeleceram alguns mitos que aos poucos tornaram-se crenças populares no meio cristão. Por exemplo, concordaram sobre o local exato do nascimento de Jesus em Belém e deram ordens para o soerguimento de uma ornamentada igreja no local. Também consagraram um sepulcro qualquer em Jerusalém supondo que seria o local em que Jesus fora sepultado.
Na mesma lógica de trabalho, a equipe descobriu três esqueletos no caminho e decidiram aleatoriamente que seriam os restos mortais dos “três magos”, que teriam sido assassinados no caminho de volta para sua terra, depois da visita a Herodes, pois essa era a explicação dos conselheiros da imperatriz. Muito tempo depois, no século IX, foram criados os seus nomes: o que deu ouro seria Melquior; o que deu incenso, Gaspar; e o que deu mirra, Baltazar. Há lendas até sobre o lugar em que foram sepultados, mas nenhum desses detalhes tem base histórica, pois foram mitos criados para satisfazer o espírito de exatidão que permeia tais lendas.
Há uma lenda que afirma que quando o veneziano Marco Polo (1254-1324) viajou para a Pérsia, as supostas tumbas dos magos lhe foram mostradas, com seus corpos perfeitamente conservados. Competindo com esta tradição, diz outra que o Imperador Zeno recuperou as relíquias dos magos em 490, em Hadramaut, na Arábia do sul. Logo depois, de Constantinopla elas foram para Milão. Quando o Imperador alemão Frederico I Barba-Ruiva (1152-1190) conquistou Milão, seu chanceler Reinald von Dassel, conseguiu levar as relíquias dos magos para sua cidade natal, Colônia. Assim, os magos, depois de tantas andanças, descansariam em paz na famosa catedral gótica de Colônia, Alemanha, desde 1164. Obviamente que tais lendas carecem de veracidade histórica, não havendo comprovação alguma quanto a estes fatos criados durante os séculos de cristianismo.
3.2 Que idade tinha jesus quando eles o visitaram?
TST as festas natalinas, nos presépios e nas encenações nas igrejas há um enorme equívoco ao se apresentar ao público a visita dos magos quando Jesus ainda está na manjedoura, sendo ainda um bebê. Essa é uma lenda existente na crença popular dos cristãos, mas ela não reflete verdade nenhuma sobre o que aconteceu. E provável que Jesus já tivesse dois anos ou, talvez, um pouco menos, quando os magos vieram visitá-lo. O grande problema no cristianismo (e em qualquer outra religião) é que as pessoas se acostumam a crer na tradição de lendas a respeito dos assuntos que envolvem a pessoa de Cristo, tornando-se cegas e incapazes de raciocinar ou até de pensar em outra possibilidade. Não é mister ter um alto grau de inteligência ou estudar acuradamente o texto, para se chegar a conclusão óbvia de que Jesus não era mais um bebê e sim uma criança quando foi visitado pelos magos. Há seis fortes argumentos que evidenciam claramente que Jesus já estivesse caminhando e falando algumas palavras quando foi visitado pelos magos:
a) o autor do Evangelho de Mateus se refere a Jesus nesse episódio como uma criança e não como um bebê;
b) Jesus já estava em sua casa em Belém e não mais na manjedoura; já havia ido a Jerusalém para ser apresentado no Templo e retornado para casa;
c) o fato de Maria ter dado apenas dois pássaros no templo como contribuição pelo nascimento do menino, o que a identificava como muito pobre, e não doou parte dos presentes que supostamente já teria ganho, já que na visita, ela, através de seu filho, ganhou ouro e outros itens valiosos.
d) a viagem do Oriente a Jerusalém demorava vários meses de preparação e vários outros de jornada pelo deserto. Os magos viram a “sua estrela” no Oriente pela primeira vez bem antes de visitá-lo;
e) os magos dão a informação solicitada por Herodes acerca do tempo em que a estrela aparecera, pois este queria matar o menino e por isso precisava saber da idade dele;
f) quando os magos não voltam a Herodes dando maiores informações acerca do endereço do menino, o rei mandou matar todos os meninos de Belém de dois anos para baixo, ou seja, a idade suposta do menino Jesus.
Conclusão
Poucas narrativas bíblicas têm sido consideradas como contendo tantas verdades espirituais como esta dos magos do oriente. Ela fornece um tipo de história resumida de todo o cristianismo. O Filho de Deus foi revelado primeiro ao judeu (José e Maria) e depois ao gentio (os astrólogos estrangeiros). Foi revelado primeiro aos humildes e ignorantes e então aos honrados e eruditos. Foi revelado aos pobres primeiro e depois aos ricos. Foi revelado ao ocidente primeiro, depois ao oriente. Foi revelado a pessoas do povo de Deus pelo método usual de Deus se manifestar: a revelação; foi revelado aos astrônomos do oriente por um método adequado aos seus hábitos e sua compreensão. Ao final, temos o objetivo principal dessa máxima revelação de Deus na história, Jesus Cristo - todos devem ir a Jesus não para obter vantagem pessoal, mas tão somente para adorá-lo.

Extraido do livro "como entender os textos mais polêmicos da Bíblia"
Jaziel Guerreiro

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