Deus Vult!
Porque Deus assim o
quer!
“E, respondendo
Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas,
sobre a tua palavra, lançarei a rede.” Lc 5.5
Este trecho
disposto no Evangelho de Lucas é de uma riqueza sem igual. Vemos, dos lábios de
Pedro, duas confissões sobre a pessoa de Jesus. A primeira, de que Ele é o
“Mestre”. A segunda, o reconhecimento da autoridade de Cristo. Minha intenção
neste texto é de abordar, principalmente, esta última observação feita.
Lendo alguns
versículos anteriores, notamos que Cristo, quando próximo ao lago de Genesaré,
é apertado pela multidão que lhe seguia, estando esta sedenta pela Palavra de
Deus (Lc 5.1). Após pregar-lhe a mensagem, o Senhor então ordena a Pedro que
lance as redes do barco para pescar. Com isto, o pescador responde a Jesus o
que vimos no versículo cinco, disposto acima.
Convém, agora,
tratar sobre a primeira afirmação de Pedro, a saber, que Jesus é o “Mestre”. No
grego, “epistates”, palavra que pode ser traduzida, em linhas gerais, como
“comandante”, “mestre”, uma autoridade. Com isto, o pescador estava afirmando
crer que Cristo era seu mentor, ensinador, guia e, acima de tudo, Senhor.
Jesus, à época dos fatos, já ensinava as multidões, como demonstrado no
parágrafo anterior, e sua autoridade e sabedoria eram reconhecidas pelo povo.
Assim, não é de se admirar que Pedro tenha feito esta constatação.
Esta noção e
certeza de que Cristo é nosso mestre é de suma importância para que tenhamos um
cristianismo saudável, e um relacionamento íntimo com o Pai. Precisamos
entender que, sendo Cristo o “Logos”, o Verbo encarnado, hoje Ele se faz
presente e se revela a nós através de sua Palavra. O Deus Trino se explica
diariamente aos seus filhos através de sua revelação especial, sua Palavra. O
autor C. S. Lewis, em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, ensina que Deus
é o alvo de nossas orações, mas também é quem nos motiva a orar e intercede por
nós quando o fazemos. Da mesma forma, o Senhor é o ápice da revelação, mas
também é quem nos motiva a buscá-lo e nos ensina o passo-a-passo de como
fazê-lo. Ele é o foco, o guia, o professor. Ele é o Mestre.
Assim, então, partimos
para a segunda afirmação de Pedro – “mas, sobre a tua palavra, lançarei a
rede”. Quanta confiança! Quanta fé! Quanta certeza na autoridade de Cristo!
Vemos aqui a crença na infalibilidade da Palavra de Deus, sendo esta a fonte
absoluta de Verdade, e que não há revelação especial além dela. Ainda, e esta é
a parte que mais me ardeu o coração, observa-se que para Pedro, naquele
momento, quando Cristo lhe dá uma ordem que foge às rédeas da lógica humana,
ele simplesmente obedece, sem questionar ou indagar o “porquê”.
Esta certeza na
autoridade de Deus é vista, de certa forma, no final do discurso do papa Urbano
II, nos ditos do ano de 1.095 d.C., quando proclamou o brado que “justificou” e
deu início à Primeira Cruzada, “Deus Vult!” (Deus o quer). E é exatamente esta
certeza que precisamos ter ardente em nossos corações.
Não podemos ter
medo de justificar nossas ações, quando pautadas na Palavra, com a expressão
“Deus o quer”. Nossa luta contra o pecado, contra a imoralidade, contra o que é
contrário à Lei de Deus não precisa de outra justificativa além do querer de
Deus. Se Deus o quer, deve ser feito. Deve ser obedecido. Não nos cabe indagar
o “porquê” de fazermos ou não fazermos tal coisa, quando pela Palavra Deus
revela que é do seu desejado que tal aconteça.
Realizar e viver o
querer de Deus, como vemos claro através de sua revelação especial, deve ser o
desejo de todo cristão autêntico. Independente das indagações e perguntas,
nossa certeza deve estar resguardada no simples “Deus vult: porque Deus assim o
quer”.
por Daniel Rodrigues Kinchescki
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