quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

PORQUE DEUS ASSIM O QUER!


Deus Vult!
Porque Deus assim o quer!

“E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.” Lc 5.5

Este trecho disposto no Evangelho de Lucas é de uma riqueza sem igual. Vemos, dos lábios de Pedro, duas confissões sobre a pessoa de Jesus. A primeira, de que Ele é o “Mestre”. A segunda, o reconhecimento da autoridade de Cristo. Minha intenção neste texto é de abordar, principalmente, esta última observação feita.

Lendo alguns versículos anteriores, notamos que Cristo, quando próximo ao lago de Genesaré, é apertado pela multidão que lhe seguia, estando esta sedenta pela Palavra de Deus (Lc 5.1). Após pregar-lhe a mensagem, o Senhor então ordena a Pedro que lance as redes do barco para pescar. Com isto, o pescador responde a Jesus o que vimos no versículo cinco, disposto acima.

Convém, agora, tratar sobre a primeira afirmação de Pedro, a saber, que Jesus é o “Mestre”. No grego, “epistates”, palavra que pode ser traduzida, em linhas gerais, como “comandante”, “mestre”, uma autoridade. Com isto, o pescador estava afirmando crer que Cristo era seu mentor, ensinador, guia e, acima de tudo, Senhor. Jesus, à época dos fatos, já ensinava as multidões, como demonstrado no parágrafo anterior, e sua autoridade e sabedoria eram reconhecidas pelo povo. Assim, não é de se admirar que Pedro tenha feito esta constatação.

Esta noção e certeza de que Cristo é nosso mestre é de suma importância para que tenhamos um cristianismo saudável, e um relacionamento íntimo com o Pai. Precisamos entender que, sendo Cristo o “Logos”, o Verbo encarnado, hoje Ele se faz presente e se revela a nós através de sua Palavra. O Deus Trino se explica diariamente aos seus filhos através de sua revelação especial, sua Palavra. O autor C. S. Lewis, em seu livro “Cristianismo Puro e Simples”, ensina que Deus é o alvo de nossas orações, mas também é quem nos motiva a orar e intercede por nós quando o fazemos. Da mesma forma, o Senhor é o ápice da revelação, mas também é quem nos motiva a buscá-lo e nos ensina o passo-a-passo de como fazê-lo. Ele é o foco, o guia, o professor. Ele é o Mestre.

Assim, então, partimos para a segunda afirmação de Pedro – “mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede”. Quanta confiança! Quanta fé! Quanta certeza na autoridade de Cristo! Vemos aqui a crença na infalibilidade da Palavra de Deus, sendo esta a fonte absoluta de Verdade, e que não há revelação especial além dela. Ainda, e esta é a parte que mais me ardeu o coração, observa-se que para Pedro, naquele momento, quando Cristo lhe dá uma ordem que foge às rédeas da lógica humana, ele simplesmente obedece, sem questionar ou indagar o “porquê”.

Esta certeza na autoridade de Deus é vista, de certa forma, no final do discurso do papa Urbano II, nos ditos do ano de 1.095 d.C., quando proclamou o brado que “justificou” e deu início à Primeira Cruzada, “Deus Vult!” (Deus o quer). E é exatamente esta certeza que precisamos ter ardente em nossos corações.

Não podemos ter medo de justificar nossas ações, quando pautadas na Palavra, com a expressão “Deus o quer”. Nossa luta contra o pecado, contra a imoralidade, contra o que é contrário à Lei de Deus não precisa de outra justificativa além do querer de Deus. Se Deus o quer, deve ser feito. Deve ser obedecido. Não nos cabe indagar o “porquê” de fazermos ou não fazermos tal coisa, quando pela Palavra Deus revela que é do seu desejado que tal aconteça.

Realizar e viver o querer de Deus, como vemos claro através de sua revelação especial, deve ser o desejo de todo cristão autêntico. Independente das indagações e perguntas, nossa certeza deve estar resguardada no simples “Deus vult: porque Deus assim o quer”.


por Daniel Rodrigues Kinchescki

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