Por Charles C. Ryrie em
Teologia Básica – Um guia sistemático popular para entender a verdade bíblica
Quando se diz que um livro
trata de teologia, isso implica mostrar sua extensão, ênfase e limitações. A
palavra “teologia” é formada de duas partes: theos, que quer dizer “Deus”, e
logos, a expressão racional, os meios da interpretação racional da fé
religiosa. Então, podemos dizer que teologia significa “a interpretação
racional da fé religiosa”. A teologia cristã, portanto, é “a interpretação
racional da fé cristã”.
1. Teologia é inteligível.
Ela pode ser compreendida pela mente humana de maneira ordenada e racional.
2. Teologia requer
explicação. Isso, por sua vez, envolve a exegese (análise dos textos no
original) e a sistematização das ideias.
3. A base da fé cristã é a
Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo baseado na Bíblia. Logo,
teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a
respeito de Deus.
Os tipos de teologia
Os diferentes tipos de
teologia podem ser catalogados de várias maneiras:
1. Por época: por exemplo,
teologia patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia
contemporânea.
2. Por ponto de vista: por
exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia calvinista
(defendida por João Calvino), teologia católica, teologia barthiana (defendida
por Karl Barth), teologia da libertação etc.
3. Por ênfase: por exemplo,
teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia
apologética, teologia exegética etc. Algumas dessas diferenças são muito
importantes para todo aquele que estuda teologia.
A. Teologia histórica
A teologia histórica versa
sobre o que os estudiosos, individual ou coletivamente, pensam a respeito dos
ensinos da Bíblia, conforme os pronunciamentos dos concílios realizados pela
Igreja. Mostra como a Igreja estabeleceu tanto o que é verdadeiro quanto o que
é errado e serve para guiar a teologia em seu próprio entendimento e
declarações doutrinárias. Um estudante é capaz de chegar, de maneira mais
eficiente, a suas próprias conclusões a respeito da verdade quando conhece as
contribuições e os erros da história da Igreja.
B. Teologia bíblica
Apesar de a expressão
“teologia bíblica” ter sido usada de várias maneiras, ela serve para rotular
uma ênfase específica no estudo da teologia. De maneira não técnica, pode
referir-se à teologia pietista (em contraste com a teologia filosófica), ou a
uma teologia baseada na Bíblia (em contraste com uma que interage com os
pensadores contemporâneos), ou ainda à teologia exegética (em contraste com a
teologia especulativa). Algumas teologias bíblicas contemporâneas, de perspectiva
liberal, enquadram-se nesta última categoria, exegética, mesmo que sua exegese
não represente fielmente o ensino bíblico. Muitas vezes, seus escritos são
apenas comentários a respeito de tudo o que a Bíblia diz sobre assuntos como o
Reino de Deus, as alianças, Deus (se for teologia bíblica do Antigo Testamento)
ou questões como os ensinamentos de Jesus, de Paulo e do cristianismo primitivo
(quando se trata de teologia bíblica do Novo Testamento).
Tecnicamente, a teologia
bíblica tem um enfoque bem mais penetrante do que esse. Ela lida de modo
sistemático com o progresso historicamente condicionado da autorrevelação de
Deus na Bíblia. Quatro características surgem dessa definição:
1. Os resultados do estudo da teologia
bíblica devem ser apresentados de maneira sistemática. Nesse aspecto, ela é
como as outras áreas dos estudos bíblicos e teológicos. O sistema ou maneira
por meio da qual a teologia bíblica é apresentada não utiliza, necessariamente,
as mesmas divisões que a teologia sistemática. Não tem de usá-las, tampouco
precisa evitá-las.
2. A teologia bíblica é centrada no contexto
histórico e geográfico no qual ocorreu a revelação de Deus. Investiga a vida
dos escritores da Bíblia, as circunstâncias que os motivaram a escrever e a situação
histórica dos destinatários de seus escritos.
3. A teologia bíblica estuda a revelação na
sequência progressiva em que ela foi dada. Essa teologia reconhece que a
revelação não foi completada por Deus de uma só vez, mas foi apresentada aos poucos,
numa série de estágios sucessivos e utilizando diversos grupos de pessoas. A
Bíblia é um registro do progresso dessa revelação, e a teologia bíblica
concentra-se nela. A teologia sistemática, em contraste, considera a revelação
como algo completo e fechado.
4. A fonte da teologia bíblica é a Bíblia.
Na verdade, as teologias sistemáticas ortodoxas fazem o mesmo. Isso não quer
dizer que a teologia bíblica ou a sistemática não possam ou não retirem
material de outras fontes, mas a teologia ou a doutrina, por si só, não provém
de outra fonte que não seja a Bíblia.
C. Teologia sistemática
A teologia sistemática
correlaciona os dados da revelação bíblica como um todo, para exibir
sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus. A teologia
sistemática pode incluir o contexto histórico, a apologética (defesa da fé) e o
trabalho exegético, mas concentra-se na estrutura total da doutrina bíblica.
Resumidamente falando:
teologia é descobrir, sistematizar e apresentar as verdades a respeito de Deus.
A teologia histórica faz isso ao concentrar-se no que outros têm dito a
respeito dessas verdades ao longo da história. A teologia bíblica faz isso ao
considerar a revelação progressiva das verdades de Deus. A teologia sistemática
apresenta sua estrutura total.
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