sexta-feira, 25 de novembro de 2016

TEOLOGIA

Por Charles C. Ryrie em Teologia Básica – Um guia sistemático popular para entender a verdade bíblica
Quando se diz que um livro trata de teologia, isso implica mostrar sua extensão, ênfase e limitações. A palavra “teologia” é formada de duas partes: theos, que quer dizer “Deus”, e logos, a expressão racional, os meios da interpretação racional da fé religiosa. Então, podemos dizer que teologia significa “a interpretação racional da fé religiosa”. A teologia cristã, portanto, é “a interpretação racional da fé cristã”.
Existem pelo menos três elementos incluídos no conceito geral de teologia:
1. Teologia é inteligível. Ela pode ser compreendida pela mente humana de maneira ordenada e racional.
2. Teologia requer explicação. Isso, por sua vez, envolve a exegese (análise dos textos no original) e a sistematização das ideias.
3. A base da fé cristã é a Bíblia, por isso a teologia cristã é um estudo baseado na Bíblia. Logo, teologia é a descoberta, a sistematização e a apresentação das verdades a respeito de Deus.
Os tipos de teologia
Os diferentes tipos de teologia podem ser catalogados de várias maneiras:
1. Por época: por exemplo, teologia patrística, teologia medieval, teologia reformada e teologia contemporânea.
2. Por ponto de vista: por exemplo, teologia arminiana (defendida por Armínio), teologia calvinista (defendida por João Calvino), teologia católica, teologia barthiana (defendida por Karl Barth), teologia da libertação etc.
3. Por ênfase: por exemplo, teologia histórica, teologia bíblica, teologia sistemática, teologia apologética, teologia exegética etc. Algumas dessas diferenças são muito importantes para todo aquele que estuda teologia.
A. Teologia histórica
A teologia histórica versa sobre o que os estudiosos, individual ou coletivamente, pensam a respeito dos ensinos da Bíblia, conforme os pronunciamentos dos concílios realizados pela Igreja. Mostra como a Igreja estabeleceu tanto o que é verdadeiro quanto o que é errado e serve para guiar a teologia em seu próprio entendimento e declarações doutrinárias. Um estudante é capaz de chegar, de maneira mais eficiente, a suas próprias conclusões a respeito da verdade quando conhece as contribuições e os erros da história da Igreja.
B. Teologia bíblica
Apesar de a expressão “teologia bíblica” ter sido usada de várias maneiras, ela serve para rotular uma ênfase específica no estudo da teologia. De maneira não técnica, pode referir-se à teologia pietista (em contraste com a teologia filosófica), ou a uma teologia baseada na Bíblia (em contraste com uma que interage com os pensadores contemporâneos), ou ainda à teologia exegética (em contraste com a teologia especulativa). Algumas teologias bíblicas contemporâneas, de perspectiva liberal, enquadram-se nesta última categoria, exegética, mesmo que sua exegese não represente fielmente o ensino bíblico. Muitas vezes, seus escritos são apenas comentários a respeito de tudo o que a Bíblia diz sobre assuntos como o Reino de Deus, as alianças, Deus (se for teologia bíblica do Antigo Testamento) ou questões como os ensinamentos de Jesus, de Paulo e do cristianismo primitivo (quando se trata de teologia bíblica do Novo Testamento).
Tecnicamente, a teologia bíblica tem um enfoque bem mais penetrante do que esse. Ela lida de modo sistemático com o progresso historicamente condicionado da autorrevelação de Deus na Bíblia. Quatro características surgem dessa definição:
1.      Os resultados do estudo da teologia bíblica devem ser apresentados de maneira sistemática. Nesse aspecto, ela é como as outras áreas dos estudos bíblicos e teológicos. O sistema ou maneira por meio da qual a teologia bíblica é apresentada não utiliza, necessariamente, as mesmas divisões que a teologia sistemática. Não tem de usá-las, tampouco precisa evitá-las.
2.      A teologia bíblica é centrada no contexto histórico e geográfico no qual ocorreu a revelação de Deus. Investiga a vida dos escritores da Bíblia, as circunstâncias que os motivaram a escrever e a situação histórica dos destinatários de seus escritos.
3.      A teologia bíblica estuda a revelação na sequência progressiva em que ela foi dada. Essa teologia reconhece que a revelação não foi completada por Deus de uma só vez, mas foi apresentada aos poucos, numa série de estágios sucessivos e utilizando diversos grupos de pessoas. A Bíblia é um registro do progresso dessa revelação, e a teologia bíblica concentra-se nela. A teologia sistemática, em contraste, considera a revelação como algo completo e fechado.
4.      A fonte da teologia bíblica é a Bíblia. Na verdade, as teologias sistemáticas ortodoxas fazem o mesmo. Isso não quer dizer que a teologia bíblica ou a sistemática não possam ou não retirem material de outras fontes, mas a teologia ou a doutrina, por si só, não provém de outra fonte que não seja a Bíblia.
C. Teologia sistemática
A teologia sistemática correlaciona os dados da revelação bíblica como um todo, para exibir sistematicamente a imagem completa da autorrevelação de Deus. A teologia sistemática pode incluir o contexto histórico, a apologética (defesa da fé) e o trabalho exegético, mas concentra-se na estrutura total da doutrina bíblica.

Resumidamente falando: teologia é descobrir, sistematizar e apresentar as verdades a respeito de Deus. A teologia histórica faz isso ao concentrar-se no que outros têm dito a respeito dessas verdades ao longo da história. A teologia bíblica faz isso ao considerar a revelação progressiva das verdades de Deus. A teologia sistemática apresenta sua estrutura total.

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