Os
Neopentecostais
Segundo
Ricardo Mariano, em Neopentecostais – Sociologia do Novo Pentecostalismo no
Brasil, (citado na revista Compromisso, 1º trimestre de 2003, págs. 79-80), o
movimento pentecostal brasileiro se divide em três ondas:
A
primeira onda é o chamado “Pentecostalismo Clássico”, da Rua Azuza no início do
século XX. A segunda onda é conhecida
por “deutero-pentecostalismo” ou “pentecostal neoclássico”, movimento de cura
divina do início da década de 50. Por fim, a terceira onda:
“neopentecostalismo”, tendo suas origens na segunda metade da década de 70. Os
precursores do movimento neopentecostal (Edir Macedo, R. R. Soares e Miguel
Ângelo) saíram da Igreja de Nova Vida, do missionário canadense, naturalizado
norte-americano, Robert McAlister, e fundaram as primeiras igrejas
neopentecostais em solo brasileiro: Igreja Universal do Reino de Deus (1977),
Internacional da Graça de Deus (1980) e Cristo Vive (1986). Ao lado destas três
primeiras igrejas, encontramos ainda outras comunidades que se originaram de outras
denominações tradicionais.
Expoentes
e raízes teológicas
Dois
nomes bastante influentes na teologia neopentecostal, com certeza são: Essek William
Kenyon e Kenneth Hagin.
1.
KENYON. Nasceu em 24 de abril de 1867, em Saratoga, Nova York, EUA, falecendo
aos 19 de março de 1948, ele tinha pouco conhecimento teológico formal. “Kenyon
nutria uma simpatia por Mary Baker Eddy” (Gondim, p. 44), fundadora do
movimento herético “Ciência Cristã”, que afirma que a matéria, e a doença não existem.
Tudo depende da mente.
2.
KENNETH HAGIN. Discípulo de Kenyon. Nasceu em 20 de agosto de 1917, em
McKinney, Estado do Texas, EUA. Sofreu várias enfermidades e pobreza; diz que
se converteu após ter ido três vezes ao inferno (Romeiro, p. 10). Aos 16 anos
diz ter recebido uma revelação de Mc. 11: 23,24, entendendo que tudo se pode
obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da
resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da
“Confissão Positiva”.
Estes
dois são os pulverizadores da teologia neopentecostal não apenas no Brasil, mas
em toda América, misturaram teologia com gnosticismo e criaram uma estrutura
teológica que encontrou solo fértil num país como o nosso; que é de terceiro
mundo e sofre com questões básicas como saúde, falta de moradia, segurança,
entre outras.
Teologia
dos Neopentecostais
1.
Teologia da Prosperidade:
A
teologia da prosperidade, defendida pelos neopentecostais, afirma que um
cristão verdadeiro e fiel a Deus, tem o direito de obter a felicidade integral,
pode exigi-la, ainda durante a vida presente sobre a terra.
2.
Confissão Positiva:
Confissão
positiva é um título alternativo para a teologia da forma da fé ou doutrina da
prosperidade promulgada por vários televangelistas “a expressão “confissão
positiva” se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com
nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão”.
3.
Maldições Hereditárias:
Chamada
também de Quebra de Maldições, Maldições Hereditárias, Maldição de Família e
Pecado de Geração. Pode ser definida como: A autorização dada ao diabo por
alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do
amaldiçoado. A Bíblia ensina que a responsabilidade do pecado é pessoal: Veio a
mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de
Israel, proferis este provérbio dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os
dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR
DEUS, jamais direis este provérbio em Israel (...). Eis que todas as almas são
minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar,
essa morrerá (Ez. 18: 1-4).
Os
pregadores neopentecostais tem uma cosmovisão que dá lugar à crença na
possessão de crentes por demônios. Essa crença fica clara no livro Orixás,
Caboclos & Guias: Deuses ou Demônios (pgs. 101-104) no capítulo “Crentes
endemoninhados?” – Macedo afirma claramente que o capítulo é fruto de sua
observação: “Este capítulo não existiria se eu não tivesse visto constantemente
pessoas de várias denominações evangélicas caírem endemoninhadas, como se
fossem macumbeiras, ao receberem a oração da fé”. O Bispo Macedo não oferece
nenhum texto bíblico como argumento para comprovar tal doutrina. Apenas fez
“uma observação”.
O
culto Neopentecostal
A
Bíblia nos apresenta um modelo de culto que é a adoração a Deus na pessoa de
Cristo. Portanto, Cristo é o centro do culto, tudo deve girar em torno dEle e
para Ele (Hebreus 10: 19-25).
Não
é o que vemos num culto neopentecostal, onde o homem passa a ser o centro
(antropocentrismo) do culto, tudo é para o homem (letras dos hinos, mensagens
proferidas, testemunhos e outros) e feito na intenção de satisfazer esse homem.
Isto não é bíblico, por atraente e satisfatório que pareça, não é para o homem
que prestamos culto e sim para Deus. É quando prestamos culto a Deus que somos
confrontados com nossa realidade, e descobrimos que somos carentes da graça de
Deus. Neste momento Ele nos edifica e restaura; num culto antropocêntrico não
existe espaço para Deus.
Outras
práticas do culto neopentecostal
Hoje
observamos práticas que eram comuns na Idade Média onde o catolicismo se
utilizava de objetos ditos sagrados (posse de relíquias; unção e santificação
de objetos; água benta; pedaços da cruz de Cristo; bulas papais etc.) para
efetuar cura e absolvição de pecados. Essas mesmas práticas, os cristãos
brasileiros, até a década de 70, só as viam nos cultos sincretistas
afro-brasileiros (banhos sagrados, uso de rosas vermelhas, sal grosso, entre
outras). É de assustar quando vemos igrejas neopentecostais usarem práticas e
objetos ( copo d’água, rosa ungida, sal-grosso, pulseiras abençoadas, peças de
roupas de entes queridos, óleos de Jerusalém, águas do rio Jordão, trombetas de
Gideão, cajado de Moisés, cultos de descarrego etc.) como na Idade Média e no
sincretismo brasileiro, em seus cultos. Esses objetos acabam servindo de
mediação entre o homem e Deus. O perigo é que a Bíblia nos apresenta Cristo
como sendo o único mediador entre Deus e o homem (I Tm. 2:5; Hb. 9:15; Hb.
12:24).
A
evangelização dos neopentecostais
Jesus
nos ordenou a pregar o Evangelho a todas as criaturas (Mt. 28: 19-20), a
mensagem deve levar o ouvinte a crer no Senhor Jesus Cristo e a se arrepender e
confessar os seus pecados, para obter a salvação (Rm. 10:10). O que vemos na
evangelização neopentecostal é uma mensagem onde a pessoa é levada a satisfação
do bem estar pessoal e não a uma mensagem de confissão para o perdão; isto é
proselitismo e não pregação do Evangelho. Proselitismo é quando uma pessoa faz
adesão a uma religião não por fé, mas por costume. Isto era o que Israel fazia
com as pessoas que não eram cidadãos israelitas, mas que queriam professar a
mesma crença; esta pessoa passava pelo ritual da circuncisão e assim se tornava
israelita.
Conclusão:
Devemos
firmar o compromisso de que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática,
portanto, nossa conduta eclesiástica deve se pautar na revelação divina, não
devemos copiar ou aderir à práticas que não são aceitas pelo nosso presbitério.
Sejamos fiéis primeiro àquele que nos chamou e que nos colocou como servos
seus, para cuidar do seu rebanho. Não temos o direito de transformar a Igreja
de Cristo em uma comunidade com objetivo e propósitos diferentes dos ensinados
pelo Senhor da Igreja.
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