A LIÇÃO DOS TRÊS ENVELOPES
A empresa vinha
apresentando uma solidez econômica invejável.
Conseguira uma posição privilegiada no mercado e, como
conseqüência, os lucros obtidos faziam dele um líder respeitado perante todos
os stakeholders, (Acionistas)
E este era, sem
dúvida, mérito seu.
Empenhara-se
profundamente em suas funções implantando um modelo de gestão no qual se dava
pleno incentivo à efetiva participação dos colaboradores, seja na escolha como
no manuseio das diversas ferramentas que viessem a contribuir para o sucesso da
instituição.
Apesar dos bons
resultados obtidos pela empresa que a colocava como sinônimo de força e poder
frente a seus concorrentes próximos, Francisco ou o seu Chico como o chamavam
caridosamente seus colaboradores, foi convocado para uma reunião junto ao
conselho da organização e comunicado que a empresa já não precisava mais de seu
trabalho.
Para muitos este
comunicado poderia significar o fim, mas, para o velho Chico acostumado aos
caprichos da vida não.
Acatou a decisão da
empresa com tranqüilidade.
Retornou para seu
escritório juntou seus objetos particulares e colocou em uma caixa.
Antes de sair pegou
um bloco de papel e escreveu três cartas, depois as colocou em um envelope
tomando o cuidado de enumerar cada um dos envelopes com a carta número um, dois
e três.
Depois colocou as
cartas na primeira gaveta com uma pequena instrução para o próximo gestor que
iria assumir o seu lugar.
Passaram-se alguns
dias o novo gestor assumiu seu posto e abrindo a primeira gaveta se deparou com
as três cartas e com a instrução.
Curioso começou a
ler as instruções que diziam:
Estas três cartas
foram deixadas por mim seu antecessor. Faço votos que os conselhos nelas
contidos possam ser-lhes úteis.
- A primeira carta:
Quando você se deparar com a primeira grande crise e no momento que estiver em
dúvida do que fazer abra-a e nela você encontrará uma instrução de como
proceder.
- A segunda carta:
abra-a na segunda crise.
- A terceira carta:
abra-a na terceira crise.
Observação; só abra
as cartas quando julgar que realmente está com um problema muito sério.
O tempo passou e
finalmente veio a primeira crise.
A empresa estava
com sérios problemas para honrar seus compromissos e havia uma enxurrada de
fornecedores inconformados por não receber seus pagamentos devidos.
O jovem gestor
lembrou-se das cartas do velho Chico.
Retornou a sua
sala, fechou a porta, abriu a gaveta e retirou o primeiro envelope.
Abriu-o com cuidado
retirando um pequeno papel que estava dentro.
Estava escrito:
“critique a gestão anterior”.
O jovem gestor
sorriu e retornou à sala de reuniões onde se encontravam os credores e seguindo
o conselho do velho mestre colocou toda a culpa da situação em seu antecessor.
Conseguiu acalmá-los
e assim retornou a sua rotina.
Após três anos de
calmaria eis que se viu diante de nova crise.
Desta vez eram os
colaboradores que se mostravam descontentes com a forma de tratamento a que
estavam sendo submetidos.
O jovem gestor
abriu diálogo com o grupo, mas, apesar de todos os seus argumentos os ânimos
não se serenaram.
Era hora de abrir o
segundo envelope.
Foi a seu
escritório e após fechar a porta tomou o segundo envelope e abriu. Nele estava
escrito:
- mude o
organograma.
O jovem gestor
seguiu a risca o conselho e começou a fazer mudanças.
Logo percebeu que o
foco mudou. Agora todos estavam interessados em não perder suas posições no
organograma e as reclamações desapareceram.
Muitos anos se
passaram e o jovem gestor agora já não era tão jovem.
Apesar dos anos da
rotina e dos anos de experiência, não conseguia encontrar soluções para a
terceira crise.
Chegara o momento
de abrir a terceira carta.
Com cuidado tomou o
envelope nas mãos e abriu.
Nele estava
escrito:
- escreva três
cartas iguais a estas, junte suas coisas e vá embora.
É muito comum uma
nova gestão, para se eximir da responsabilidade de não atender aos anseios dos
stakeholders de uma organização ter como justificativa a gestão anterior.
Por outro lado, ao
assumir uma empresa é normal que o novo gestor procure se cercar de pessoas de
sua confiança, o que não é normal é mudar constantemente o organograma, tirando
e colocando pessoas como se fossem objetos simplesmente para abafar problemas
que não consegue resolver, sem um planejamento prévio e sem qualquer critério
técnico.
Esta é uma prática que, se não é comum,
acontece em muitas empresas.