sexta-feira, 28 de julho de 2017

O que aconteceu depois da abertura do Mar Vermelho


Estudos Bíblicos • História Judaica
O que aconteceu depois da abertura do Mar Vermelho

Escrito por Editora e Livraria Sêfer
Não foi fácil para Moisés conseguir afastar o povo da praia do milagre.

Moisés tinha que tirar o povo de perto do Mar Vermelho, onde o milagre da travessia havia sido vivenciado. A conjugação de uma palavra específica no texto bíblico indica-nos a relutância do povo em se afastar do local do grande milagre:

“E fez partir Moisés a Israel do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur.”

Êxodo 15:22

A expressão “fez partir” demonstra com clareza que Moisés teve que levá-los contra sua vontade.

O povo de Israel estava assombrado e impressionado com a força do evento que acabara de viver: o mar sendo partido ao meio para que seus integrantes pudessem atravessá-lo, fechando-se em seguida para impedir a passagem dos egípcios que os perseguiam. E na beira da praia, diante do mar que o havia salvo e da armada egípcia que se afogava, o povo estava assombrado, e seu assombro se transformou em um canto: o Cântico do Mar (Êxodo 15:1-21). E mesmo assim surgiram problemas e reclamações, incompreensíveis no contexto das maravilhas que haviam ocorrido.

A leitura do ocorrido apenas aumentará nosso espanto:

“E andaram três dias pelo deserto e não acharam água.
E vieram a Mará e não puderam beber as águas de Mará porque eram
amargas … e queixou-se o povo a Moisés dizendo: Que beberemos?”

Êxodo 15:22-24

A questão que surge da leitura do episódio das águas amargas (e do episódio da falta de comida logo a seguir) possui dois aspectos: um referente a Deus e outro ao povo de Israel.

O primeiro aspecto é saber porque Deus dificultou a vida do povo. Por que Ele, o Todo-poderoso, que mostrou ao povo Seu completo domínio sobre a natureza através das dez pragas do Egito e da abertura do Mar Vermelho, não forneceu água sem criar empecilhos? Por que esperou que fossem assolados pela sede e pelas reclamações naturalmente decorrentes? Este povo não havia sofrido o suficiente? Para que criar uma nova situação de tensão se havia chegado a hora da redenção?

Por outro lado, o comportamento pessimista e precipitado do povo também nos causa espanto. Ele tinha acabado de presenciar a derrota total de seus inimigos egípcios e a destruição da terra de seu cativeiro, e ainda tinha vivenciado o milagre da travessia do Mar Vermelho, o qual deu à sua fé um brilho comparável ao do cristal puro, tanto que a própria escritura testemunha que “viu Israel o grande poder que exerceu o Eterno sobre os egípcios e temeu o povo ao Eterno e creram no Eterno e em Moisés, seu servo” (Êxodo 14:31). Portanto, é surpreendente que tal fé tenha-se volatilizado com o primeiro contratempo que atingiu o povo. Mais grave ainda é a forma como o povo expressou sua nostalgia pelos prazeres do Egito durante o episódio do maná:

“Quando estávamos sentados junto às panelas de carne,
quando comíamos pão a fartar; e foste nos trazer a este deserto
para matar toda esta congregação com a fome.”

Êxodo 16:3

Por que motivo o povo encarava o futuro de modo pessimista? Por que ele não se lembrou, baseado no que acabara de ocorrer, que Deus, ao menos nesta fase, encontrava-se ao seu lado e lhe estenderia a salvação no devido momento? Qual seria a razão das reclamações e lamentos?

Estamos nos estendendo propositadamente nas questões acima, pois na história destas reclamações e nos episódios da água amarga e do maná, oculta-se toda a verdade bíblica e a visão desta sobre o papel do homem no mundo. A chave para a compreensão encontra-se no seguinte versículo:

“E clamou ao Eterno e mostrou-lhe o Eterno uma árvore,

e jogou-a nas águas e adoçaram-se as águas.

Ali deu-lhe (Deus ao povo) estatutos e leis, e ali o provou.”

Êxodo 15:25

Um versículo construído de forma estranha, pois trata de três assuntos aparentemente sem relação entre si. O primeiro é a transformação da água salgada em água doce por meio de um tronco de árvore, o segundo é o anúncio da aplicação de alguma lei sobre o povo, e o terceiro é introduzido por uma única palavra que fala sobre algum tipo de prova à qual o povo foi submetido.

Apesar de aparentemente estranha, a união destes três assuntos em um único versículo é um indício de que estão interligados. Entendemos assim que a dessalinização das águas depende de algum modo de estatutos e leis que, por sua vez, dependem de algum tipo de prova cuja natureza devemos decodificar.

Qual o significado bíblico do verbo “provar” e qual seu sentido neste contexto? A resposta nos é fornecida pelo Rabino Hirsch:

“Provar, experimentar, testar e também exercitar: todo exercício é uma tentativa de solucionar algum problema que ainda não tenha sido total ou satisfatoriamente resolvido. Como, por exemplo, na luta entre David e Golias descrita em I Samuel 17:39, quando David retira de seu uniforme a espada, pois não exercitou-se em seu uso: ‘Não posso andar com isto pois nunca a usei (experimentei)’. Neste versículo e ao longo de toda a caminhada no deserto, podemos interpretar a palavra ‘provou’ com o seguinte sentido: ‘Deus quis exercitar seu povo na observância de seus mandamentos, através das experiências a que o submeteu’.”

As águas amargas com as quais o povo se deparou no deserto não foram nada mais do que um teste pelo qual este deveria passar. Tal teste destinava-se a avaliar a consistência de seus valores e a força de sua fé em Deus e em Suas palavras, estas últimas conhecidas à beira do Mar Vermelho. Percebemos, assim, que esta experimentação contínua é lei e estatuto para o povo judeu.

Entendido o sentido literal do texto, resta-nos explicar seu significado interior e espiritual. Por que motivo a relação entre Deus e os homens deve ser baseada na experimentação contínua do homem? Qual o benefício de Deus decorrente deste tipo de relação?

A necessidade do homem ser examinado constantemente não traz qualquer tipo de benefício a Deus, mas sim ao homem. Aquele que conhece o espírito da Torá sabe que as provas e necessidades passadas no deserto, assim como em toda a Bíblia e na vida de modo geral, têm o único objetivo de libertar o homem e capacitá-lo a agir com total liberdade espiritual em seu mundo. Uma liberdade que deriva da liberdade do próprio Eterno, o qual imprimiu no homem um lampejo de sua essência misteriosa: a alma.

Esta situação foi bem descrita pelo filósofo judeu alemão Franz Rosenzweig:

“Deus deseja homens livres. Seu Reino é oculto aos olhos. Mas isto não basta para diferenciar o homem livre do escravo… Deus, em sua vontade de distinguir entre as almas, não só evita causar prazer como provoca dor. Aparentemente Ele não tem alternativas: precisa provar o homem. Não apenas tem de ocultar o Seu Reino, como deve criar locais que possam confundir o homem em sua busca pelo Reino Divino, até que se suponha invisível. Isto para que possa ter fé verdadeira em Deus, ou seja, crer e confiar Nele por livre iniciativa.”

A Estrela da Redenção


Quando é posto à prova, o homem descobre haver discrepância entre sua fé e seu comportamento. Pode, por exemplo, acreditar piamente na necessidade de “amar ao próximo como a si mesmo” e não estar disposto, de forma alguma, a auxiliar ao próximo nos conflitos que lhe são impostos cotidianamente. O instinto de sobrevivência o escraviza, impedindo-o de agir de acordo com sua consciência. Após a travessia do Mar Vermelho, o povo de Israel também estava convencido que sua fé era vigorosa e eterna, assim como todas as implicações decorrentes dela. E eis que na prova da água descobriram não ser este o caso, pois eram escravos das dificuldades impostas pelas condições ambientais adversas. A própria descoberta desta situação é um ato de libertação, que desperta a esperança de que possam suportar a prova de forma mais digna na próxima oportunidade e de que seus espíritos desatem, ao menos parcialmente, os laços que os mantém atados aos instintos. Assim, cada prova consiste em um exercício adicional, um tipo especial de ginástica espiritual que fortifica os músculos da alma e modela o espírito do homem, como este é entendido na Bíblia, sendo esta liberdade a razão da existência do homem no mundo.

Os Olhos: Janelas para o Mundo


Os Olhos: Janelas para o Mundo
Escrito por Editora e Livraria Sêfer

Os olhos talvez sejam os órgãos sensoriais mais importantes.

A visão nos apresenta cores e formas – na verdade, o mundo todo que nos cerca. De certo modo, o ser humano é capaz de ouvir, cheirar, sentir sabores e apalpar com os olhos, que lhe proporcionam uma experiência sensorial disseminada que não pode ser reproduzida por nenhum outro órgão (ou seja, através da visão é possível imaginar mais prontamente a reação dos demais sentidos). A visão permite que se veja a maravilha e a beleza da criação física de Deus. Destituídos de visão, nós nos desligaríamos da realidade e seríamos privados do contato genuíno e nítido com o mundo. No âmbito espiritual, “ver” também significa olhar as coisas de maneira profunda com a finalidade de descobrir sua essência (ver Licutê Moharan I, 1:2-4). Sem uma boa “visão”, somos incapazes de perceber a presença de Deus a nossa volta.

Em nossa vida cotidiana, devemos ter cuidado para que nossos olhos não enxerguem apenas o que queremos ver, em contraposição ao que de fato existe. Interesses velados podem distorcer com facilidade a percepção, como indica a seguinte injunção da Torá (Êxodo 23:8; Deuteronômio 16:19): “Não tomarás suborno. O suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos.” Quando a faculdade de julgamento é turvada por motivos escusos, perdemos a capacidade de discernir entre o bem e o mal, entre “absolver o inocente e condenar o culpado” (Deuteronômio 25:1). Mesmo os justos correm o risco de ter suas “palavras pervertidas”. E se até os sábios, que possuem uma visão aguçada, podem errar na definição do que vêem, com certeza quem tem uma visão espiritual fraca deve ser especialmente cauteloso (ver Licutê Moharan I, 54:5).

A boa visão corresponde a um grau expandido de consciência, conhecimento e intelecto (ver Licutê Moharan I, 74:1). Em termos cabalísticos, os olhos são uma extensão do hemisfério direito do cérebro, que é associado à sefirá de Chochmá (ver Licutê Moharan II, 40:1). Portanto, devemos perguntar-nos: “Como usamos os nossos olhos?” Enxergamos a essência real do que vemos, ou julgamos as coisas pela aparência externa? (Lembre-se de que Chochmá écôach má, a essência da coisa; ver acima, capítulos 14 e 17.) De que maneira podemos alcançar esse “nível puro de Chochmá”, o foco e a concentração que nos habilitarão a perceber a essência íntima das coisas?

Quando os olhos se fixam num objeto, as pupilas se dilatam ou se contraem para regular a quantidade de luz que penetra. Esse movimento de dilatação e contração possibilita que os olhos funcionem adequadamente, sem causar danos à retina. De modo semelhante, quando saímos em busca de uma sabedoria espiritual profunda, é prudente que no começo nos limitemos a um nível mais baixo de intelecto. Nas etapas iniciais, convém que nos concentremos nos resultados parciais e não nos objetivos finais, para que o intelecto se “dilate e contraia” de forma natural e possa gradativamente atingir níveis mais elevados (ver Licutê Moharan I, 30:3).

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Líderes Islâmicos pedem que muçulmanos se unam para “tomar” Jerusalém


Líderes Islâmicos pedem que muçulmanos se unam para “tomar” Jerusalém
Lideranças religiosas e políticas querem união de islâmicos

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta terça-feira (25) aos muçulmanos de todo o mundo que “visitem” e “protejam” Jerusalém do controle de Israel. Em meio aos conflitos dos últimos dias, o governo israelense cedeu às pressões e retirou os detectores de metal da entrada do Monte do Templo, o que foi visto como um sinal de fraqueza.

Erdogan convocou os fiéis islâmicos a irem para Jerusalém e visitem a mesquita de Al-Aqsa, que fica no alto do Monte, sendo o terceiro lugar mais sagrado do Islã. “Sob o pretexto de lutar contra o terrorismo, trata-se de uma tentativa de roubar a mesquita Al-Aqsa dos muçulmanos”, afirmou o líder turco.

“Israel tomou um caminho perigoso. Ao ocupar a mesquita de Al-Aqsa, Israel ultrapassou os limites”, afirmou Erdogan, acrescentando que a Turquia reconhece tanto a Palestina como nação, cuja capital é Jerusalém oriental, mas que Israel tem sua capital em Tel Aviv.

Insistiu ainda que “Quanto mais defendemos a Al-Aqsa, mais feroz será a resistência. Se os soldados israelenses estão sujando a Al-Aqsa com suas botas, é por que nós não conseguimos defendê-la decentemente. Defendamos a Palestina assim como defendemos Meca e Medina”.

Para o presidente turco, os problemas da “Palestina” começaram com a queda do Império Turco Otomano, que dominou Jerusalém entre 1517 e 1917.

Reação de Israel
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon, respondeu a Erdogan, dizendo que o discurso do presidente turco era “delirante” e “distorcido”.

“Os dias do Império Otomano acabaram”, continuou Nahshon. “A capital do povo judeu era, é e sempre será Jerusalém. Ao contrário do domínio passado, nesta cidade o governo está comprometido com sua segurança, liberdade, liberdade de culto e respeito aos direitos de todas as minorias”.

A provocação de Erdogan foi interpretada por especialistas como parte de uma batalha entre líderes muçulmanos pela influência em Jerusalém e o Monte do Templo. Ele vem fazendo esse tipo de ameaça de invasão repetidas vezes nos últimos anos.

Outras ameaças
Nesses dias, os acessos da Cidade Velha de Jerusalém foram tomados por palestinos, que acusam Israel de tentar expandir seu controle sobre o seu local sagrado. Em sinal de protesto, além das orações nas ruas, muitos islâmicos entraram em confronto com a polícia, lançando pedras e coquetéis molotov.

Ikrema Sabri, líder do Comitê Supremo Islâmico de Jerusalém afirmou que a situação ainda está longe de ser resolvida, reiterando que os muçulmanos devem ter o acesso garantido à Esplanada das Mesquitas e não devem ceder às exigências israelenses.

O filho do falecido rei da Arábia Saudita, Fahd Bin Abdulaziz, usou as redes sociais para criticar Israel e convocar os muçulmanos para se “solidarizarem” com a situação. Ele escreveu: “Todo muçulmano é obrigado a apoiar nossos irmãos na Palestina e a Mesquita Sagrada de Al-Aqsa, cada um da maneira como pude. Ó nação de Maomé, mostre-lhes quem você é. Negligenciar Al-Aqsa seria uma desgraça e Allah nos responsabilizará.”

Em outra mensagem, conclamou: “Ó nação de Maomé e Allah, a terceira mesquita é prisioneira da ocupação criminosa. Vamos lutar, queremos ser vitoriosos e salvá-la”.

Um dos discursos mais incisivos foi do sheik Yusuf al-Qaradawi, um dos principais líderes do segmento sunita do islamismo e um dos mais influentes líderes do grupo político-religioso Irmandade Islâmica, presente em muitos países. Nascido no Catar, ele é presidente da União Mundial de Sábios Islâmicos.


“É preciso dizer claramente que esta é uma campanha islâmica, já que Al-Quds [nome islâmicos para Jerusalém] não é apenas uma questão palestina ou árabe. Al-Quds é o interesse de toda nação islâmica, desde o oeste até o leste”, escreveu Qaradawi, que tem laços com o Hamas, principal grupo palestino opositor de Israel.t

quarta-feira, 5 de julho de 2017

MOISÉS E O MONTE SINAI


Moisés e o Monte Sinai
POR VERDADE VIVA ·

No curso da história humana, Moisés foi um entre os maiores homens que já viveram. Poucos homens influenciaram a humanidade como ele. Ele emerge acima, não apenas de seus contemporâneos, como também de sucessivas gerações. Na Bíblia, seu nome ocorre 835 vezes no Velho Testamento e 80 vezes no Novo Testamento, mais freqüentemente que qualquer outro personagem do Velho Testamento. Ele escreveu 137 capítulos da Bíblia; é o autor do Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho Testamento) e do Salmo 90, onde ele é chamado “O homem de Deus”. Ele é chamado também de Profeta (Dt 18:13); Sacerdote (Sl 99:6); e Rei em Jesurum (Dt 33:5).

O LIBERTADOR

Se Abraão é o pai de seu povo e nação, demonstrando o princípio da fé, Moisés é o libertador do seu povo da escravidão, simbolizando o princípio da liderança.

Seria interessante perguntar: Onde repousa o segredo da sua grandeza e poder? Primeiramente, e antes de tudo, repousa na soberania de Deus em escolher e levantar um homem no ponto crítico da história do mundo; e, em segundo lugar, naquele desejo de Moisés de submeter-se à vontade de Deus e obedecer aos seus mandamentos. Ele foi o instrumento nas mãos de Deus para realizar os seus propósitos de graça para com seu povo.

Os 120 anos da vida de Moisés são divididos em três períodos iguais de quarenta anos. Os primeiros quarenta anos foram passados no Egito. Nascido de pais tementes a Deus, vivendo como escravos sob um governo tirano e opressor. Através de uma série de eventos divinamente notáveis, o bebê Moisés foi adotado pela filha do rei Faraó. Sua mãe judia foi contratada para cuidar dele. Como um protegido da corte real, ele recebeu a melhor educação que a mais avançada nação do mundo daquela época tinha para oferecer. Estevão, em At 7:22, diz-nos que: “…Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. Deus estava moldando-o e preparando-o para seus propósitos servindo-se soberanamente das astutas artimanhas do Diabo.

O MONTE SINAI

A Península do Sinai é triangular, tem a forma de um coração, situado entre dois braços do Mar Vermelho. A oeste está o Golfo de Suez e ao leste está o Golfo de Ácaba (ou o Golfo de Eilat). A praia a oeste é de 180 milhas de distância, a praia ao leste é cerca de 130 milhas de distância. A linha fronteiriça ao norte é de 150 milhas de distância. A parte nordeste é relativamente deserto plano, enquanto que ao sul há uma grande cadeia de rudes montanhas. Dois nomes bíblicos são associados com este monte: Horebe, sendo todo o grupo de montanhas, e Sinai, uma montanha em especial na cadeia. Seu nome moderno é Jabel Musa (a montanha de Moisés). Essa montanha é uma massa de rocha isolada, que ergue-se abruptamente da planície com magnífica e espantosa grandeza. O lado noroeste é uma espaçosa planície de duas milhas de extensão por meia milha de largura, capaz de acomodar dois milhões de pessoas. Moisés certamente estava familiarizado com esta área. Ele havia passado quarenta anos no deserto ao redor, cuidando das ovelhas, e foi em Horebe que Deus falou-lhe primeiramente e revelou-se a Si mesmo (Ex 3:1-6). Agora Moisés teria que conduzir e zelar por outro rebanho, o Povo de Israel.

A jornada de Israel do Egito ao Sinai terminou no terceiro mês. Eles acamparam diante do monte (Ex19:1-2), e permaneceram ali um ano inteiro (Nm 1:1). Ali Deus revelar-se-ia ao povo através de Moisés. Aparentemente Moisés subiu ao monte quatro vezes; duas por uma indefinida duração de tempo, e duas por um período de quarenta dias. A cada vez houve uma revelação distinta tal como seguem:

1. DEUS PROPÕE UM CONCERTO CONDICIONAL COM ISRAEL – Ex 19:3-19

Ele lembra-lhes a sua redenção da servidão no Egito, e como Ele tirou-os como com asas de águia e trouxe-os a Si mesmo. “Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo”. Quando Moisés transmitiu os termos do concerto ao povo, eles replicaram: “Tudo o que o Senhor tem falado faremos”. Eles não perceberam sua própria fraqueza e conseqüente falha registradas na história. Todos os concertos estabelecidos previamente por Deus foram com indivíduos, com Noé, Abraão, Isaque e Jacó, mas aqui, pela primeira vez foi com uma nação.

2. A SEGUNDA ASCENSÃO AO MONTE – Ex 19:20

A segunda ascensão de Moisés ao monte foi acompanhada de uma tremenda demonstração da majestade e glória de Deus. Ao povo foi dito para lavar-se e purificar-se, e não se aproximar ou tocar o monte. “E todo o monte de Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo: e o seu fumo subiu como fumo dum forno, e todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira: Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta”. Foi aqui que Moisés recebeu a Lei e comunicou-a ao povo. Ela compunha-se de três partes:

Os dez mandamentos (20) – A lei moral;
Os estatutos (21 a 23) – A lei civil;
As ordenanças (24 a 31) – Leis concernentes à adoração, às festas e ao sábado. Estas leis foram primeiramente comunicadas oralmente.
3. OS PRIMEIROS QUARENTA DIAS – Ex 24 a 31

Isto foi introduzido pela ratificação do concerto através de um sacrifício de sangue. Moisés, Aarão, Nadabe, Abiú, e setenta dos anciãos de Israel tomaram parte na cerimônia. Um altar foi construído com doze pilares representando as doze tribos de Israel. Os termos e detalhes do concerto foram escritos por Moisés em um livro. Metade do sangue do sacrifício da oferta pacífica e oferta queimada foi aspergido sobre o altar, e após ter sido lido ao povo os termos do concerto, eles replicaram, “Tudo que o Senhor tem falado faremos”. Então o resto do sangue foi aspergido sobre o livro e sobre o povo (Hb 9:19).

Após uma visão preliminar de Deus – visto por Moisés, Aarão, Nadabe, Abiú, e os setenta anciãos de Israel onde eles comeram e beberam uma comida sagrada – somente Moisés subiu no monte e ficou lá quarenta dias e quarenta noites (Ex 24:18).

Foi durante este tempo que ele viu um modelo e recebeu instruções concernentes à construção do Tabernáculo, o sacerdócio e as ofertas, e as duas tábuas de pedra com a lei escrita pelo dedo de Deus (Ex 25:31). Esta tão importante seção da Palavra de Deus contém importantes lições para nós na presente época. A lei era inexorável em suas demandas por obediência, mas Deus em sua graça providenciou o Tabernáculo, o sacerdócio, e o sistema de sacrifícios como um meio de acesso a si mesmo. Isto são figuras autorizadas. O Tabernáculo, por exemplo, é uma figura das coisas nos céus (Hb 8:5; 9:9, 23-24).

Os detalhes não são deixados à nossa imaginação. Isto é o céu transferido à terra como uma figura visível (Conforme referências ao céu em Apocalipse 4, etc.). O Tabernáculo é uma figura:

da Igreja como a casa de Deus (Hb. 3:12-6);
da Pessoa e Obra de Cristo (Hb. 8:2; 9:11);
do caminho de acesso a Deus (Hb. 10:20);
do sacerdócio e ofertas. Tipos do ministério de Cristo como Sumo Sacerdote e Seu sacrifício expiatório na cruz; a epístola aos Hebreus e o livro de Apocalipse são divinos comentários destas grandes figuras.
A APOSTASIA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS – Ex 32

Quando Moisés desceu do monte com as tábuas de pedra em sua mão, deparou-se com uma visão deplorável, e o mais triste era que o seu próprio irmão Aarão estava conduzindo todas aquelas cenas. O povo que tão recentemente havia declarado sua aliança em um concerto com Jeová e havia feito um voto de obediência a Ele, está agora adorando um bezerro de ouro fabricado por Aarão e dizendo, “Estes são nossos deuses que nos tiraram do Egito”. Eles devem ter pensado que Moisés havia morrido entre o fumo e fogo do Sinai, e não podiam esperar por seis semanas pelo seu retorno. Quão inconstante é a natureza humana!

Após adorarem o bezerro de ouro, o povo sentou-se a comer e a beber e levantou-se para dançar. Moisés deve ter ficado com o coração partido. Quando Deus ameaçou agir em juízo e varrê-los da face da terra, Moisés intercedeu por eles e procedeu de maneira drástica. Ele arremeteu as tábuas de pedra ao pé do monte. Então ele queimou o bezerro de ouro até torná-lo em pó, misturou-o com água, e forçou o povo a beber.

Então ele armou a tenda fora do acampamento e chamou a todos que desejassem seguir ao Senhor para juntar-se a ele. Todos os filhos de Levi assim fizeram. Ele ordenou então a cada homem que tirasse a espada e fosse através do acampamento e ferisse cada um ao seu próximo. Naquele dia cerca de três mil homens foram executados.

Podemos compreender a reação de Moisés nestes eventos: Valia a pena continuar? Seu recurso era clamar ao Senhor. Ele fez dois pedidos: “Rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei”. A divina resposta foi: “Irá a minha presença contigo para te fazer descansar”. Moisés acrescentou: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui” (Ex 33:13-15).

Seu segundo pedido foi: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. A resposta foi uma das mais maravilhosas manifestações de Deus a um homem mortal. Ele lhe disse: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas: mas a minha face não se verá”. Fortalecido por estas duas grandes experiências, Moisés foi preparado para executar o seu trabalho.

OS SEGUNDOS QUARENTA DIAS NO MONTE – Ex 34:1-4

Com as duas tábuas de pedra que o Senhor mandou-o lavrar novamente, Moisés subiu ao monte Sinai. Novamente ele encontrou-se com o Senhor o qual proclamou seu nome e atributos, e Moisés curvou sua cabeça à terra e adorou. O Senhor renovou o seu concerto com Israel e recomissionou Moisés, e repetiu as promessas relativas à ocupação da Terra Prometida. As festas e os sábados eram para ser cuidadosamente observados bem como o código civil e cerimonial da Lei. A Moisés foi ordenado escrever estas palavras, “Porque conforme ao teor destas palavras tenho feito concerto contigo e com Israel. E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites: não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos” (Versos 27-28).

Um dos resultados deste período de comunhão com Deus no topo do monte foi que a pele do seu rosto brilhou, embora ele mesmo não soube disto. Aarão e o povo temeram aproximar-se dele, então ele punha um véu em sua face quando falava com eles. Quando ele falava com Deus entretanto ele tirava o véu. Na sarça ardente, Deus lidou com os seus pés, sua mão e seu peito, ensinando-lhe importantes lições (Ex 3 a 4). Mas aqui é a transformação do seu semblante como o resultado de haver estado na presença de Deus. Paulo faz referência a isto em II Coríntios 3:6-18. Ele destaca a diferença entre o ministério da lei que resulta em condenação, e o superior ministério do novo concerto: “Mas todos nós com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (Verso 18).

Os capítulos finais de Êxodo (35 a 40) relatam a histórica construção do Tabernáculo sob a supervisão de Moisés e a competente mão-de-obra de Bezaleel e Aoliabe, dois homens chamados e capacitados por Deus. Quando a obra estava acabada, Deus mostrou sua aprovação e Sua presença através da nuvem de glória (Shekinah) que encheu o Tabernáculo.

A RELAÇÃO DOS CRENTES DE HOJE COM A LEI DE MOISÉS

Isto é exposto em detalhes nas epístolas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas, e na epístola aos Hebreus. João disse: “A Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Isto significa que houve uma mudança de dispensação da lei à graça. Paulo diz, “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7:12). Porque então a mudança? Para resumir:

A lei é um padrão – O homem pecador nunca poderá atingí-lo.
A lei é um Juiz – Todos são culpados diante dela (Rm 1 a 3).
A lei é um executor – Seu juízo é a morte (Rm 6:23).
A lei é um guia (pedagogo) – Conduz a Cristo (Gl 3:24).
Cristo, o Santo sem pecado, cumpriu a lei, levou a maldição, sofreu a morte como nosso substituto na cruz. Aqueles que crêem, confiam, encomendam-se a si mesmos a Ele em simples fé, em verdadeiro arrependimento de seus pecados, recebem a vida eterna e são livres da maldição da lei.

Por outro lado, devemos lembrar que nove das cláusula do código moral contidas nos dez mandamentos são repetidas no Novo Testamento como incumbência aos crentes de hoje. A única exceção é o sábado. Os mandamentos morais de Deus não mudam. Porém eles são obedecidos a partir de uma base e motivos diferentes, que é o amor a Cristo. Tiago chama isto de “A lei perfeita da liberdade” (Tg 1:25). Paulo descreve isto como “Não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo” (I Cor 9:21; Rm 8:4).

MOISÉS NO DESERTO


A terceira parte da vida de Moisés foram os quarenta anos passados no deserto a caminho da terra de Canaã. É o tema principal do livro de Números. Tem sido chamado “O registro de uma geração perdida”. No começo do livro, há um censo que conta o povo no deserto do Sinai, e trinta e oito anos mais tarde há outro nas campinas de Moabe, exatamente antes de entrar na terra. Dos dois milhões e meio que haviam deixado o Egito, os únicos sobreviventes eram Josué e Calebe, homens de coragem e fé. Os demais deixaram os seus ossos no deserto.

O deserto é o lugar de prova e também da graça, proteção e provisão de Deus. Israel falhou tristemente. O ponto crucial teve lugar em Cades-Barnéia. Doze homens, um de cada tribo, foram enviados como espias a Canaã para examinar a terra e avaliar a possibilidade de ocupá-la. Dez voltaram com um relatório pessimista. Os inimigos eram muito grandes e poderosos; seria impossível dominá-los. Deus havia prometido estar com eles; seu pecado era não crer naquela promessa. Apenas Josué e Calebe disseram, “Nós podemos”. O resultado: os incrédulos foram sentenciados a trinta e oito anos de caminhada errante pelo deserto até que fossem varridos da terra. Os dois otimistas crentes em Deus e Sua promessa sobreviveram para triunfantemente entrarem na terra prometida.

O registro dos anos de peregrinação errante pelo deserto é marcado por uma série de episódios, a maioria caracterizados pela murmuração, reclamação e revolta contra a liderança de Moisés. Foram contaminados pela mistura de gente que saiu do Egito com o filhos de Israel. Suas queixas tinha a ver com a comida. Eles queixavam-se do maná celestial que Deus havia miraculosamente provido. Eles desejavam a variada dieta de que tanto gostaram no Egito. Em resposta Deus deu-lhes carne em forma de bando de codornizes, mas isto veio acompanhado de juízo sobre os queixosos murmuradores.

Então houve um problema de família entre os líderes. Miriã e Aarão, irmãos de Moisés, falaram contra ele porque ele havia casado com uma mulher cusita. Aqui nos é dito entre parêntesis que Moisés era mui manso, mais do que qualquer homem sobre a terra. Ele não tentou defender-se a si mesmo, porém, Deus interveio. Miriã foi ferida com lepra. É a primeira vez que esta doença é mencionada na Bíblia. Após sete dias de exclusão do acampamento, através da intercessão de Moisés em oração ela foi restaurada da lepra e restaurada ao seu lugar no acampamento (Nm 12).

Talvez um dos mais sérios eventos na história da jornada no deserto foi a revolta de Coré, Datã, e Abirão contra a liderança de Moisés e Aarão (Nm 16 e 17). Isto foi motivado por inveja.

Foi uma tentativa de revolução que poderia ter dividido o povo e conduzido-o ao desastre. Foi uma invasão do serviço levítico no ofício sacerdotal. Novamente Deus interveio. Os rebeldes estavam à porta de suas tendas com incensários de bronze contendo fogo e incenso, quando subitamente o chão abriu-se engolindo-os e lançando-os vivos no Seol. O desastre foi acompanhado por um fogo do Senhor que consumiu os homens que haviam oferecido o incenso. Como subseqüência da ocorrência de murmuração contra Moisés e Aarão uma praga irrompeu no acampamento matando catorze mil e setecentas pessoas.

Números registra a chegada de toda a congregação a Cades em memória notável (Nm 11 a 14). Trinta e sete anos problemáticos havia passado desde que estiveram ali pela primeira vez. Muito havia acontecido naquele tempo. O capítulo abre com a morte e enterro de Miriã, e finaliza com Aarão sendo despido de suas vestes sacerdotais para que seu filho Eleazar seja vestido em seu lugar. Aarão é então enterrado no monte de Hor. Entre tudo isto, está a triste história da rocha ferida pela segunda vez por Moisés, por causa de que, ele tinha de morrer sem entrar na terra prometida, sendo enterrado na terra de Moabe.

Novamente o povo estava murmurando e queixando-se pela falta de água e falando sobre os figos, vinhas e romãs do Egito. Novamente Moisés e Aarão prostraram-se sobre seus rostos diante de Deus.

“E o Senhor falou a Moisés dizendo: Toma a vara, e ajunta a congregação tu e Aarão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, e dará a sua água… Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. E Moisés e Aarão reuniram a congregação diante da rocha, e disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós? então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais. E o Senhor disse a Moisés e a Aarão: Porquanto não me crestes a mim, para me santificar diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado. Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor: e se santificou neles”.

É indizivelmente triste pensar que a este grande homem, um dos maiores que já viveram, não foi permitido cumprir sua ambição de conduzir o povo de Deus para dentro da terra prometida. Podemos pensar que seu pecado era trivial em comparação com as constantes provocações do povo, que tão gravemente e freqüentemente pecou contra Deus. Mas o pecado de Moisés era grande porque ele era grande. Aquilo que é considerado pequeno pecado, em grandes homens tem tremendas conseqüências. Quanto mais alguém é elevado por Deus, maior será a queda em caso de falha.

Primeiramente ele falou inadvertidamente com os seus lábios (Sl 106:33). Perdendo seu autocontrole, ele chamou o povo de Deus, “Vós rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?”. Então ele desobedeceu a Deus e feriu a rocha duas vezes ao invés de falar a ela. Ele estragou um tipo, uma figura. A rocha ferida uma vez (Ex 17:6) da qual fluíram águas vivas, não deveria ser ferida novamente. A rocha erguida – prefigurando o ressurrecto Cristo a quem nós podemos falar e de quem fluem nossas bênçãos – foi ferida duas vezes, e assim a figura de Deus foi estragada. Nisto consistiu o pecado de Moisés pelo qual ele tinha de morrer. A morte e o sepultamento de Moisés são descritos em Dt 34:1-6:

“Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã; e todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés; e toda a terra de Judá, até ao mar último; e o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras até Zoar. E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: À tua semente a darei: mostro-ta para a veres com os teus olhos; porém para lá não passarás. Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme ao dito do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura”.

Assim vemos como este grande servo de Deus, que durante sua vida subiu às alturas da montanha para estar na presença de Deus, agora no final da vida desce ao vale, em uma triste experiência. Estas coisas estão escritas para aviso nosso.

Fonte: Verdes Pastos, Nº 15, 1998
POR VERDADE VIVA ·

No curso da história humana, Moisés foi um entre os maiores homens que já viveram. Poucos homens influenciaram a humanidade como ele. Ele emerge acima, não apenas de seus contemporâneos, como também de sucessivas gerações. Na Bíblia, seu nome ocorre 835 vezes no Velho Testamento e 80 vezes no Novo Testamento, mais freqüentemente que qualquer outro personagem do Velho Testamento. Ele escreveu 137 capítulos da Bíblia; é o autor do Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho Testamento) e do Salmo 90, onde ele é chamado “O homem de Deus”. Ele é chamado também de Profeta (Dt 18:13); Sacerdote (Sl 99:6); e Rei em Jesurum (Dt 33:5).

O LIBERTADOR

Se Abraão é o pai de seu povo e nação, demonstrando o princípio da fé, Moisés é o libertador do seu povo da escravidão, simbolizando o princípio da liderança.

Seria interessante perguntar: Onde repousa o segredo da sua grandeza e poder? Primeiramente, e antes de tudo, repousa na soberania de Deus em escolher e levantar um homem no ponto crítico da história do mundo; e, em segundo lugar, naquele desejo de Moisés de submeter-se à vontade de Deus e obedecer aos seus mandamentos. Ele foi o instrumento nas mãos de Deus para realizar os seus propósitos de graça para com seu povo.

Os 120 anos da vida de Moisés são divididos em três períodos iguais de quarenta anos. Os primeiros quarenta anos foram passados no Egito. Nascido de pais tementes a Deus, vivendo como escravos sob um governo tirano e opressor. Através de uma série de eventos divinamente notáveis, o bebê Moisés foi adotado pela filha do rei Faraó. Sua mãe judia foi contratada para cuidar dele. Como um protegido da corte real, ele recebeu a melhor educação que a mais avançada nação do mundo daquela época tinha para oferecer. Estevão, em At 7:22, diz-nos que: “…Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. Deus estava moldando-o e preparando-o para seus propósitos servindo-se soberanamente das astutas artimanhas do Diabo.

O MONTE SINAI

A Península do Sinai é triangular, tem a forma de um coração, situado entre dois braços do Mar Vermelho. A oeste está o Golfo de Suez e ao leste está o Golfo de Ácaba (ou o Golfo de Eilat). A praia a oeste é de 180 milhas de distância, a praia ao leste é cerca de 130 milhas de distância. A linha fronteiriça ao norte é de 150 milhas de distância. A parte nordeste é relativamente deserto plano, enquanto que ao sul há uma grande cadeia de rudes montanhas. Dois nomes bíblicos são associados com este monte: Horebe, sendo todo o grupo de montanhas, e Sinai, uma montanha em especial na cadeia. Seu nome moderno é Jabel Musa (a montanha de Moisés). Essa montanha é uma massa de rocha isolada, que ergue-se abruptamente da planície com magnífica e espantosa grandeza. O lado noroeste é uma espaçosa planície de duas milhas de extensão por meia milha de largura, capaz de acomodar dois milhões de pessoas. Moisés certamente estava familiarizado com esta área. Ele havia passado quarenta anos no deserto ao redor, cuidando das ovelhas, e foi em Horebe que Deus falou-lhe primeiramente e revelou-se a Si mesmo (Ex 3:1-6). Agora Moisés teria que conduzir e zelar por outro rebanho, o Povo de Israel.

A jornada de Israel do Egito ao Sinai terminou no terceiro mês. Eles acamparam diante do monte (Ex19:1-2), e permaneceram ali um ano inteiro (Nm 1:1). Ali Deus revelar-se-ia ao povo através de Moisés. Aparentemente Moisés subiu ao monte quatro vezes; duas por uma indefinida duração de tempo, e duas por um período de quarenta dias. A cada vez houve uma revelação distinta tal como seguem:

1. DEUS PROPÕE UM CONCERTO CONDICIONAL COM ISRAEL – Ex 19:3-19

Ele lembra-lhes a sua redenção da servidão no Egito, e como Ele tirou-os como com asas de águia e trouxe-os a Si mesmo. “Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo”. Quando Moisés transmitiu os termos do concerto ao povo, eles replicaram: “Tudo o que o Senhor tem falado faremos”. Eles não perceberam sua própria fraqueza e conseqüente falha registradas na história. Todos os concertos estabelecidos previamente por Deus foram com indivíduos, com Noé, Abraão, Isaque e Jacó, mas aqui, pela primeira vez foi com uma nação.

2. A SEGUNDA ASCENSÃO AO MONTE – Ex 19:20

A segunda ascensão de Moisés ao monte foi acompanhada de uma tremenda demonstração da majestade e glória de Deus. Ao povo foi dito para lavar-se e purificar-se, e não se aproximar ou tocar o monte. “E todo o monte de Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo: e o seu fumo subiu como fumo dum forno, e todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira: Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta”. Foi aqui que Moisés recebeu a Lei e comunicou-a ao povo. Ela compunha-se de três partes:

Os dez mandamentos (20) – A lei moral;
Os estatutos (21 a 23) – A lei civil;
As ordenanças (24 a 31) – Leis concernentes à adoração, às festas e ao sábado. Estas leis foram primeiramente comunicadas oralmente.
3. OS PRIMEIROS QUARENTA DIAS – Ex 24 a 31

Isto foi introduzido pela ratificação do concerto através de um sacrifício de sangue. Moisés, Aarão, Nadabe, Abiú, e setenta dos anciãos de Israel tomaram parte na cerimônia. Um altar foi construído com doze pilares representando as doze tribos de Israel. Os termos e detalhes do concerto foram escritos por Moisés em um livro. Metade do sangue do sacrifício da oferta pacífica e oferta queimada foi aspergido sobre o altar, e após ter sido lido ao povo os termos do concerto, eles replicaram, “Tudo que o Senhor tem falado faremos”. Então o resto do sangue foi aspergido sobre o livro e sobre o povo (Hb 9:19).

Após uma visão preliminar de Deus – visto por Moisés, Aarão, Nadabe, Abiú, e os setenta anciãos de Israel onde eles comeram e beberam uma comida sagrada – somente Moisés subiu no monte e ficou lá quarenta dias e quarenta noites (Ex 24:18).

Foi durante este tempo que ele viu um modelo e recebeu instruções concernentes à construção do Tabernáculo, o sacerdócio e as ofertas, e as duas tábuas de pedra com a lei escrita pelo dedo de Deus (Ex 25:31). Esta tão importante seção da Palavra de Deus contém importantes lições para nós na presente época. A lei era inexorável em suas demandas por obediência, mas Deus em sua graça providenciou o Tabernáculo, o sacerdócio, e o sistema de sacrifícios como um meio de acesso a si mesmo. Isto são figuras autorizadas. O Tabernáculo, por exemplo, é uma figura das coisas nos céus (Hb 8:5; 9:9, 23-24).

Os detalhes não são deixados à nossa imaginação. Isto é o céu transferido à terra como uma figura visível (Conforme referências ao céu em Apocalipse 4, etc.). O Tabernáculo é uma figura:

da Igreja como a casa de Deus (Hb. 3:12-6);
da Pessoa e Obra de Cristo (Hb. 8:2; 9:11);
do caminho de acesso a Deus (Hb. 10:20);
do sacerdócio e ofertas. Tipos do ministério de Cristo como Sumo Sacerdote e Seu sacrifício expiatório na cruz; a epístola aos Hebreus e o livro de Apocalipse são divinos comentários destas grandes figuras.
A APOSTASIA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS – Ex 32

Quando Moisés desceu do monte com as tábuas de pedra em sua mão, deparou-se com uma visão deplorável, e o mais triste era que o seu próprio irmão Aarão estava conduzindo todas aquelas cenas. O povo que tão recentemente havia declarado sua aliança em um concerto com Jeová e havia feito um voto de obediência a Ele, está agora adorando um bezerro de ouro fabricado por Aarão e dizendo, “Estes são nossos deuses que nos tiraram do Egito”. Eles devem ter pensado que Moisés havia morrido entre o fumo e fogo do Sinai, e não podiam esperar por seis semanas pelo seu retorno. Quão inconstante é a natureza humana!

Após adorarem o bezerro de ouro, o povo sentou-se a comer e a beber e levantou-se para dançar. Moisés deve ter ficado com o coração partido. Quando Deus ameaçou agir em juízo e varrê-los da face da terra, Moisés intercedeu por eles e procedeu de maneira drástica. Ele arremeteu as tábuas de pedra ao pé do monte. Então ele queimou o bezerro de ouro até torná-lo em pó, misturou-o com água, e forçou o povo a beber.

Então ele armou a tenda fora do acampamento e chamou a todos que desejassem seguir ao Senhor para juntar-se a ele. Todos os filhos de Levi assim fizeram. Ele ordenou então a cada homem que tirasse a espada e fosse através do acampamento e ferisse cada um ao seu próximo. Naquele dia cerca de três mil homens foram executados.

Podemos compreender a reação de Moisés nestes eventos: Valia a pena continuar? Seu recurso era clamar ao Senhor. Ele fez dois pedidos: “Rogo-te que agora me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei”. A divina resposta foi: “Irá a minha presença contigo para te fazer descansar”. Moisés acrescentou: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui” (Ex 33:13-15).

Seu segundo pedido foi: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. A resposta foi uma das mais maravilhosas manifestações de Deus a um homem mortal. Ele lhe disse: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; ali te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas: mas a minha face não se verá”. Fortalecido por estas duas grandes experiências, Moisés foi preparado para executar o seu trabalho.

OS SEGUNDOS QUARENTA DIAS NO MONTE – Ex 34:1-4

Com as duas tábuas de pedra que o Senhor mandou-o lavrar novamente, Moisés subiu ao monte Sinai. Novamente ele encontrou-se com o Senhor o qual proclamou seu nome e atributos, e Moisés curvou sua cabeça à terra e adorou. O Senhor renovou o seu concerto com Israel e recomissionou Moisés, e repetiu as promessas relativas à ocupação da Terra Prometida. As festas e os sábados eram para ser cuidadosamente observados bem como o código civil e cerimonial da Lei. A Moisés foi ordenado escrever estas palavras, “Porque conforme ao teor destas palavras tenho feito concerto contigo e com Israel. E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites: não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos” (Versos 27-28).

Um dos resultados deste período de comunhão com Deus no topo do monte foi que a pele do seu rosto brilhou, embora ele mesmo não soube disto. Aarão e o povo temeram aproximar-se dele, então ele punha um véu em sua face quando falava com eles. Quando ele falava com Deus entretanto ele tirava o véu. Na sarça ardente, Deus lidou com os seus pés, sua mão e seu peito, ensinando-lhe importantes lições (Ex 3 a 4). Mas aqui é a transformação do seu semblante como o resultado de haver estado na presença de Deus. Paulo faz referência a isto em II Coríntios 3:6-18. Ele destaca a diferença entre o ministério da lei que resulta em condenação, e o superior ministério do novo concerto: “Mas todos nós com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (Verso 18).

Os capítulos finais de Êxodo (35 a 40) relatam a histórica construção do Tabernáculo sob a supervisão de Moisés e a competente mão-de-obra de Bezaleel e Aoliabe, dois homens chamados e capacitados por Deus. Quando a obra estava acabada, Deus mostrou sua aprovação e Sua presença através da nuvem de glória (Shekinah) que encheu o Tabernáculo.

A RELAÇÃO DOS CRENTES DE HOJE COM A LEI DE MOISÉS

Isto é exposto em detalhes nas epístolas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas, e na epístola aos Hebreus. João disse: “A Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Isto significa que houve uma mudança de dispensação da lei à graça. Paulo diz, “a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7:12). Porque então a mudança? Para resumir:

A lei é um padrão – O homem pecador nunca poderá atingí-lo.
A lei é um Juiz – Todos são culpados diante dela (Rm 1 a 3).
A lei é um executor – Seu juízo é a morte (Rm 6:23).
A lei é um guia (pedagogo) – Conduz a Cristo (Gl 3:24).
Cristo, o Santo sem pecado, cumpriu a lei, levou a maldição, sofreu a morte como nosso substituto na cruz. Aqueles que crêem, confiam, encomendam-se a si mesmos a Ele em simples fé, em verdadeiro arrependimento de seus pecados, recebem a vida eterna e são livres da maldição da lei.

Por outro lado, devemos lembrar que nove das cláusula do código moral contidas nos dez mandamentos são repetidas no Novo Testamento como incumbência aos crentes de hoje. A única exceção é o sábado. Os mandamentos morais de Deus não mudam. Porém eles são obedecidos a partir de uma base e motivos diferentes, que é o amor a Cristo. Tiago chama isto de “A lei perfeita da liberdade” (Tg 1:25). Paulo descreve isto como “Não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo” (I Cor 9:21; Rm 8:4).

MOISÉS NO DESERTO

A terceira parte da vida de Moisés foram os quarenta anos passados no deserto a caminho da terra de Canaã. É o tema principal do livro de Números. Tem sido chamado “O registro de uma geração perdida”. No começo do livro, há um censo que conta o povo no deserto do Sinai, e trinta e oito anos mais tarde há outro nas campinas de Moabe, exatamente antes de entrar na terra. Dos dois milhões e meio que haviam deixado o Egito, os únicos sobreviventes eram Josué e Calebe, homens de coragem e fé. Os demais deixaram os seus ossos no deserto.

O deserto é o lugar de prova e também da graça, proteção e provisão de Deus. Israel falhou tristemente. O ponto crucial teve lugar em Cades-Barnéia. Doze homens, um de cada tribo, foram enviados como espias a Canaã para examinar a terra e avaliar a possibilidade de ocupá-la. Dez voltaram com um relatório pessimista. Os inimigos eram muito grandes e poderosos; seria impossível dominá-los. Deus havia prometido estar com eles; seu pecado era não crer naquela promessa. Apenas Josué e Calebe disseram, “Nós podemos”. O resultado: os incrédulos foram sentenciados a trinta e oito anos de caminhada errante pelo deserto até que fossem varridos da terra. Os dois otimistas crentes em Deus e Sua promessa sobreviveram para triunfantemente entrarem na terra prometida.

O registro dos anos de peregrinação errante pelo deserto é marcado por uma série de episódios, a maioria caracterizados pela murmuração, reclamação e revolta contra a liderança de Moisés. Foram contaminados pela mistura de gente que saiu do Egito com o filhos de Israel. Suas queixas tinha a ver com a comida. Eles queixavam-se do maná celestial que Deus havia miraculosamente provido. Eles desejavam a variada dieta de que tanto gostaram no Egito. Em resposta Deus deu-lhes carne em forma de bando de codornizes, mas isto veio acompanhado de juízo sobre os queixosos murmuradores.

Então houve um problema de família entre os líderes. Miriã e Aarão, irmãos de Moisés, falaram contra ele porque ele havia casado com uma mulher cusita. Aqui nos é dito entre parêntesis que Moisés era mui manso, mais do que qualquer homem sobre a terra. Ele não tentou defender-se a si mesmo, porém, Deus interveio. Miriã foi ferida com lepra. É a primeira vez que esta doença é mencionada na Bíblia. Após sete dias de exclusão do acampamento, através da intercessão de Moisés em oração ela foi restaurada da lepra e restaurada ao seu lugar no acampamento (Nm 12).

Talvez um dos mais sérios eventos na história da jornada no deserto foi a revolta de Coré, Datã, e Abirão contra a liderança de Moisés e Aarão (Nm 16 e 17). Isto foi motivado por inveja.

Foi uma tentativa de revolução que poderia ter dividido o povo e conduzido-o ao desastre. Foi uma invasão do serviço levítico no ofício sacerdotal. Novamente Deus interveio. Os rebeldes estavam à porta de suas tendas com incensários de bronze contendo fogo e incenso, quando subitamente o chão abriu-se engolindo-os e lançando-os vivos no Seol. O desastre foi acompanhado por um fogo do Senhor que consumiu os homens que haviam oferecido o incenso. Como subseqüência da ocorrência de murmuração contra Moisés e Aarão uma praga irrompeu no acampamento matando catorze mil e setecentas pessoas.

Números registra a chegada de toda a congregação a Cades em memória notável (Nm 11 a 14). Trinta e sete anos problemáticos havia passado desde que estiveram ali pela primeira vez. Muito havia acontecido naquele tempo. O capítulo abre com a morte e enterro de Miriã, e finaliza com Aarão sendo despido de suas vestes sacerdotais para que seu filho Eleazar seja vestido em seu lugar. Aarão é então enterrado no monte de Hor. Entre tudo isto, está a triste história da rocha ferida pela segunda vez por Moisés, por causa de que, ele tinha de morrer sem entrar na terra prometida, sendo enterrado na terra de Moabe.

Novamente o povo estava murmurando e queixando-se pela falta de água e falando sobre os figos, vinhas e romãs do Egito. Novamente Moisés e Aarão prostraram-se sobre seus rostos diante de Deus.

“E o Senhor falou a Moisés dizendo: Toma a vara, e ajunta a congregação tu e Aarão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, e dará a sua água… Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. E Moisés e Aarão reuniram a congregação diante da rocha, e disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós? então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais. E o Senhor disse a Moisés e a Aarão: Porquanto não me crestes a mim, para me santificar diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado. Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor: e se santificou neles”.

É indizivelmente triste pensar que a este grande homem, um dos maiores que já viveram, não foi permitido cumprir sua ambição de conduzir o povo de Deus para dentro da terra prometida. Podemos pensar que seu pecado era trivial em comparação com as constantes provocações do povo, que tão gravemente e freqüentemente pecou contra Deus. Mas o pecado de Moisés era grande porque ele era grande. Aquilo que é considerado pequeno pecado, em grandes homens tem tremendas conseqüências. Quanto mais alguém é elevado por Deus, maior será a queda em caso de falha.

Primeiramente ele falou inadvertidamente com os seus lábios (Sl 106:33). Perdendo seu autocontrole, ele chamou o povo de Deus, “Vós rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós?”. Então ele desobedeceu a Deus e feriu a rocha duas vezes ao invés de falar a ela. Ele estragou um tipo, uma figura. A rocha ferida uma vez (Ex 17:6) da qual fluíram águas vivas, não deveria ser ferida novamente. A rocha erguida – prefigurando o ressurrecto Cristo a quem nós podemos falar e de quem fluem nossas bênçãos – foi ferida duas vezes, e assim a figura de Deus foi estragada. Nisto consistiu o pecado de Moisés pelo qual ele tinha de morrer. A morte e o sepultamento de Moisés são descritos em Dt 34:1-6:

“Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã; e todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés; e toda a terra de Judá, até ao mar último; e o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras até Zoar. E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: À tua semente a darei: mostro-ta para a veres com os teus olhos; porém para lá não passarás. Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme ao dito do Senhor. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura”.

Assim vemos como este grande servo de Deus, que durante sua vida subiu às alturas da montanha para estar na presença de Deus, agora no final da vida desce ao vale, em uma triste experiência. Estas coisas estão escritas para aviso nosso.


Fonte: Verdes Pastos, Nº 15, 1998