sexta-feira, 23 de junho de 2017

A LENDA DO SACERDOTE E A CORDA

O sacerdote entrava no Santo dos Santos amarrado a uma corda?

É muito comum ouvir em pregações, livros evangélicos, sites da Internet é até mesmo em comentários bíblicos que os sumo sacerdotes tinham uma corda atada a cintura por ocasião de sua entrada no Santo dos Santos. O objetivo desse costume seria o de permitir o resgate do corpo do sumo sacerdote caso fosse consumido pela ira divina, mas seria isso verdade?
A lenda da corda sacerdotal
Todd Bolen, professor de Estudos Bíblicos no Israel Bible Extension do The Master’s College, Santa Clarita, Califórnia, USA, afirma que é isso um mito. Ele destaca que esse costume “não é encontrado em nenhuma fonte antiga, incluindo a Bíblia hebraica, o Novo Testamento, os Manuscritos do Mar Morto, Flávio Josefo [historiador judeu do primeiro século], os apócrifos, a Mishnah, o Talmude babilônico ou o Talmude de Jerusalém”.
Como é de costume, quando se fala do sacerdócio Levítico, vem à tona a questão do sacerdote ser amarrado à cintura ou ao tornozelo, em especifico no dia da expiação, para que, caso morresse no lugar santíssimo ao se apresentar diante do Senhor que falava de sobre o propiciatório de ouro, fosse então puxado para fora.
Por enquanto, ainda não foi localizada a fonte original, mas aparentemente ele surgiu muito tempo depois da existência do último templo judeu. A evidência bíblica e histórica indica que não havia nenhuma corda, pelo menos não para uso comum.
O renomado Dr. WE Nunally , professor de hebraico e judaísmo antigo, também diz o seguinte:

 Pois bem, essa história, além de modificada, vem do Zohar, um escrito judaico o qual surgiu na Espanha por volta do século XIII, cujo conteúdo é extremamente MÍSTICO. Nele está escrito assim:

Uma corrente foi amarrada aos pés do Sumo Sacerdote quando ele entrou no Santo dos Santos, de modo que, se ele morrer lá, eles o tirarão, pois é proibido entrar lá. Como eles sabiam se ele estava vivo ou não? Por uma tira de cor carmesim. Se sua cor não se tornasse branca, era conhecido naquele tempo que o padre estava lá em pecado. E se ele saísse em paz, era conhecido e reconhecido pela cinta carmesim que ficava branca… Se não… todos sabiam que a oração deles não era aceita. Emor 102a

Todavia, a tal fonte vai totalmente na contramão do Texto Bíblico pelo qual somos informados com todos os detalhes quais objetos o sumo sacerdote teria que usar no ritual do perdão (Ex 28 e Lv 16). Ademais, o grande comentarista do judaísmo, Flávio Josefo (37-103 d.C), não fala nada a respeito da prática do livro místico, mesmo tendo sido sacerdote em Jerusalém


“A corda amarrando o sumo sacerdote é apenas uma lenda. Ela tem origens obscuras na Idade Média e continua sendo ensinada. Não é encontrado em qualquer lugar na Bíblia, nos Apócrifos , Manuscritos do Mar Morto, Josefo, Talmud, Mishna, ou qualquer outra fonte judaica. Ela simplesmente não existe!”.

A Fundação de Estudos Bíblicos (associado ao Dallas Theological Seminary), da mesma maneira, reporta que suas pesquisas classificaram a “corda ao redor do tornozelo, ou cintura, ou talvez o pé” como lenda “para descansar.” Eles também apontam que Aaron estava a usar uma estola azul, com sinos em sua bainha (Êxodo 28.31-35), quando ele entrou no Lugar Santo (não é o Santo dos Santos) (Levítico 16:2-4). Quando ele entra no Santo dos Santos, ele lava e veste roupas de linho especial, não o éfode com sinos. “Se não houver a sinos para serem tocados, não há necessidade da corda.”
A Associação de Amigos Judeus Messiânicos levanta pontos com relação à dificuldade de arrastar um sacerdote morto fora do Santo dos Santos:
“Você só pode arrastar para fora o sacerdote, se ele morreu no lugar Santo. Pela forma como as cortinas do templo foram concebidas, o sacerdote não poderia ter sido arrastado para fora do Santo dos Santos. O véu foi feito com muitas camadas de tecido. As cortinas eram sobrepostas e faziam um pequeno labirinto através do qual o sacerdote caminhava … “

Portanto caros e queridos irmãos e estudantes da Bíblia fica aqui esta modesta observação, para que assim venhamos a condizer com a responsabilidade que temos em ser mordomos dos valores divinos, servindo ao nosso semelhante somente as riquezas da verdadeira revelação bíblica.
      Segundo o historiador e a arqueólogo Bill Jones não há comprovação histórica, bíblica nem arqueológica.

Ministério Apologético





quinta-feira, 22 de junho de 2017

CEIA DO SENHOR

“Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne” – João 6:51.

Por Pr. Plínio Sousa.

O que é ensinado nas igrejas atualmente é verdadeiramente, o que Jesus Cristo ensinou na noite em que foi traído?
A Ceia do Senhor é um ato importante na vida do cristão, e por esse motivo iremos estudar todo o contexto bíblico, sobre todas as tradições da cidade, a qual a igreja de Corinto estava inserida, para assim chegarmos à conclusão da forma correta de se instituir a Ceia do Senhor, aconteceu nas igrejas em um longo período de tempo o ensinamento totalmente equivocado acerca do que é Ceia.

Muitos Teólogos irão ter trabalho em corrigir tais erros cometidos no passado acerca da Ceia do Senhor, assim também como outros assuntos bíblicos, como dom de línguas, a relação do cabelo da mulher no Culto a Deus, o Dízimo ensinado como forma de lei a igreja de Cristo (cristianismo), os dois batismos (no Espírito, e no fogo) pregado por João Batista, e muitos outros.

A forma atualmente da instituição da Ceia em algumas igrejas, não se tem origem bíblica, mas totalmente pagã. Existe grande influência do catolicismo romano (a transubstanciação¹, por exemplo), é uma prática na instituição desse sacramento (Ceia), em algumas igrejas ditas evangélicas.

(1) A visão do Catolicismo Romano, chamada transubstanciação, ensina que o pão e o vinho da ceia do Senhor são “transformados no” corpo e sangue de Cristo quando abençoados pelo sacerdote. Essa visão coloca a fé de lado, pois tudo o que alguém precisa para receber a Cristo é comer o pão e beber o vinho. Isso também lança o fundamento para a Missa, pois quando o pão, que supostamente não é mais pão, mas sim corpo, é partido, então o sacrifício de Cristo é repetido novamente. A própria palavra Missa significa “sacrifício”.

A FESTA DO AMOR ÁGAPE NA IGREJA PRIMITIVA

Ao que tudo indica os cristãos do período apostólico que participavam de uma mesma igreja local, tinham o costume de reunir-se pelo menos uma vez por semana para comerem juntos e durante a refeição celebrarem a Ceia do Senhor. Esse costume teve sua origem no fato que o Senhor Jesus instituiu o sacramento durante uma refeição com seus discípulos, (cf. Mateus 26:17 – 30; Marcos 14:22 – 24; Lucas 22:19, 20; João 13:1 – 4). Aparentemente o alvo dos “ágapes” era a comunhão cristã, o compartilhar de alimentos entre os mais pobres e especialmente, lembrar-se do Senhor Jesus e participar espiritualmente da sua morte e ressurreição pelo pão e pelo vinho (elementos da Ceia).

A igreja apostólica em Jerusalém seguiu o exemplo, de forma que o “partir do pão” se dava num ambiente em que as refeições eram tomadas em comum (Atos 2:42 – 47; 20:7). Eventualmente, essas refeições comunais que vieram a ser conhecidas como “ágape”, da palavra grega para “amor”, se tornou uma prática regular nas igrejas cristãs espalhadas pelo mundo.

Judas se refere a elas em sua carta como “festas do amor (fraternidade)”, mas também identifica falsos crentes, libertinos participantes nestas festas como, introdutores de comportamentos contrários à sã doutrina (Judas 12; 2 Pedro 2:13). Sempre devemos identificá-los a luz da Escritura tais crentes.

Por causa de abusos, alguns dos quais mencionados no Novo Testamento (1 Coríntios 11:17 – 34; 2 Pedro 2:13), a festa do “ágape” foi separada da celebração da Ceia do Senhor a partir do século II. É provável que o que Paulo escreveu sobre esses abusos tenha sido o começo dessa separação. Pelo que sabemos, o “ágape” continuou ainda por alguns séculos, até desaparecer ao final do século VII da Igreja Cristã, ao ser proibido pelo Concílio de Cartago.

OS “ÁGAPES” NA IGREJA DE CORINTO

Os problemas no culto na época de Paulo, a festa da confraternização e os “ágapes” estavam em pleno vigor nas igrejas cristãs. O apóstolo tinha ouvido que havia várias irregularidades nos “ágapes” da igreja de Corinto. Na carta que lhes escreveu, ele elogia os coríntios por acatarem as tradições (boas tradições), que ele lhes havia entregado (1 Coríntios 11:2). Mas, esse acatamento era incompleto e superficial. Eles estavam negligenciando tradições de grande importância, como relativo à Ceia (11:23). Nisso, Paulo não podia louvá-los. O apóstolo tem sérias reservas quanto à maneira pela qual eles estavam celebrando a festa da confraternização (Ágape). Na verdade, Paulo está descontente pela maneira com que eles estavam realizando seus cultos em geral.

A insatisfação do apóstolo Paulo era provocada pela atitude amotinada das mulheres “espirituais” nos cultos (11:3 – 16), pela falta de fraternidade e reverência na celebração da Ceia (11:17, 22) e pelo uso impróprio dos dons espirituais (capítulos 12 – 14). Paulo chega mesmo a dizer que as suas reuniões faziam mais mal do que bem (11:17), visto produzia um resultado bem inferior, na verdade, oposto ao desejado.

Em vez de serem para o melhor, isto é, para a edificação, instrução, cuidado dos menos afortunados e conforto de suas almas, eram para o pior, isto é, para estimular e encorajar a glutonaria, a embriaguez, as divisões e a carnalidade em geral. Como resultado, a participação na Ceia, que deveria trazer bênção, estava trazendo fome, e por causa da fome, doenças e por causa da fraqueza por não ter o que comer, mortes, e mortes por Juízo Divino (11:29 – 30). (cf. Gálatas 5:19 – 21).




DIVISÕES NA IGREJA

Quando se reuniam para o “ágape”, havia “divisões” (11:18), estavam “partidos” na (11:19) igreja. Essas divisões a que Paulo se refere não eram os partidos de Paulo, Pedro, Apolo e Cristo, dos quais havia tratado nos capítulos 1 – 4. Eram alienações mútuas que se manifestavam por ocasião do “ágape” entre ricos e pobres, entre os que tinha dons e os que não tinham e, possivelmente, entre judeus, que só comiam “KOSHER”, e os gentios.

Para piorar, havia ainda glutonaria e bebedeiras (11:21), atenção nesse ponto, estamos falando de uma igreja, e da Ceia do Senhor! Os ricos avançavam gulosamente na abundância do que haviam trazido, e não compartilhavam com os pobres. O resultado era um ambiente mesclado de espírito faccioso, embriaguez, glutonaria, egoísmo, ressentimentos e invejas. A Ceia do Senhor era um alvo secundário nestas reuniões para os que estavam mais interessados na comida (11:20).

Alguns pensavam no “ágape” primeiramente, como uma ocasião de matar sua fome (11:34). Quando comiam o pão e bebiam o vinho em nome do Senhor Jesus, era uma mera atividade fisiológica. E nada de devoção e espiritualidade era manifesto por partes dos “cristãos”. Não é muito diferente dos tempos atuais, a Ceia do Senhor é fisiológica, e economicamente rentável na igreja contemporânea. O real significado não é proclamado.

ERA CORINTO REALMENTE UMA IGREJA ESPIRITUAL?

A igreja de Corinto pensava ser uma igreja espiritual. Essa espiritualidade, para eles, se manifestava primeiramente em seus cultos, pelas manifestações associadas aos dons espirituais.

Entretanto, era exatamente durante a celebração de uma das partes mais significativas do culto, que a falta de verdadeira espiritualidade dos coríntios se manifestava em sua forma mais extrema. Como era possível uma igreja que tinha membros bêbados na Ceia pensar que era espiritual?

Hoje existem cristãos ébrios de iniquidades no seio da igreja, pessoas espiritualmente mortas, egoístas, más, facciosas, tenebrosas, mentirosas, e que fazem parte da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. (1 Coríntios 10:21). A resposta é que o seu conceito de espiritualidade era errado. O apóstolo Paulo irá demonstrar mais adiante em sua carta. A falta de fraternidade e o egoísmo presente nas reuniões (11:33), e quanto a falta de dignidade e discernimento espiritual que essas atitudes causavam (11:27 – 29).

A igreja já estava debaixo do julgamento de Deus. Muitos estavam doentes e fracos, outros já haviam morrido em decorrência de suas consequências más, até mesmo podendo considerar um castigo divino (11:30). Isto devera-nos alertar de quão seriamente Deus requer o modo apropriado de participarmos dos cultos. Os coríntios conseguiram corromper o Culto a Deus em menos de 20 anos do surgimento do Cristianismo, e isto enquanto os apóstolos ainda estavam vivos. Portanto, não devemo-nos impressionar muito com a rápida corrupção ocorrida na Igreja depois que os apóstolos morreram (séculos posteriores à era apostólica). E hoje, continuam a introduzir práticas e costumes, e a torcer o propósito dos cultos, ao ponto de suas reuniões, como as dos coríntios, fazerem mais mal do que bem.

Entre as muitas implicações práticas que poderíamos tirar da carta aos corintos, é destacar apenas uma. O conceito da Igreja de Corinto em relação à verdadeira espiritualidade tinha um defeito fatal, enfatizava as manifestações carismáticas, acima de conceitos básicos como, a simplicidade, a fraternidade, e a pureza, virtudes necessárias na Ceia do Senhor.

Aprendamos com o apóstolo Paulo que um culto verdadeiramente espiritual, entre outras coisas, é o que promove condições para que os crentes se aproximem da mesa do Senhor lúcidos, sóbrios, aptos para discernir o que estão fazendo, devidamente instruídos quanto ao sentido da Ceia, e capazes de participar dela de forma digna.

Cabe a pergunta: é assim que nos aproximamos da Mesa do Senhor?

COMUNHÃO COM DEUS E COM NOSSOS IRMÃOS

Quase todas as igrejas que proclamam seguir a Cristo observam a Ceia do Senhor. O pão e o fruto da videira são elementos comuns nas assembleias de adoração de vários grupos religiosos. Mas há diferença no entendimento a respeito desta comemoração.
O que a Bíblia ensina sobre a Ceia do Senhor? O que é a Ceia do SENHOR? Como devemos participar dela hoje em dia?

A PRIMEIRA CEIA: O EXEMPLO DE JESUS

Quatro textos registram os pormenores da primeira “Ceia do Senhor”. Três destes relatos estão nos evangelhos (Mateus 26:26 – 29; Marcos 14:22 – 25 e Lucas 22:19 – 20), e o outro está em 1 Coríntios 11:23 – 26 como já citado acima. Podemos aprender como Jesus e os Apóstolos celebraram a Ceia do Senhor, comparando estes relatos.

“Por gentileza! Pare por algum tempo, e faça a leitura dos textos acima citados, antes de continuarmos a leitura deste. Por gentileza observe as minúcias”.

O PROPÓSITO: “FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM” (LUCAS 22:19)

A Ceia do Senhor é ocasião para lembrarmo-nos do sacrifício que Jesus fez na cruz, pelo qual Ele nos oferece a esperança da vida eterna: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha” (1 Coríntios 11:26).

A ceia do Senhor é igualmente um ato de obediência pelos quais os membros da igreja participam do pão e do vinho, comemorando juntos à morte de Jesus Cristo, e apontando para a sua vinda. Esta ordenança da igreja representa também a nossa comunhão espiritual com Ele, a nossa participação na Sua morte, e o testemunho vivo da nossa esperança, na ressurreição, e glorificação de nossos corpos.

“Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos” – Romanos 6:8.

OS SÍMBOLOS

1) A Ceia é uma Aliança (Mateus 26:28) – O Senhor Jesus declara que é um contrato que foi celebrado. Ele é o fiador, e é quem outorga a mesma. É um testamento onde o ser humano é o beneficiário. Esta nova aliança é celebrada no sangue de Cristo. No Antigo Testamento, a celebração das alianças e contratos, era natural sacrificar animais como testemunha (Gênesis 15:1 – 18). Esta é a nova aliança, que foi prometida na antiguidade, mas é sancionada pelo sangue de Cristo, pelo Cordeiro de Deus (Romanos 11:27; Hebreus 8:10).

2) A Ceia é um Ato Memorial (Lucas 22:19) – Quando celebramos este ato recordamos o sacrifício do Senhor. Celebrar este rito é trazer à lembrança o que o Senhor fez por nós. Aqui recordamos a encarnação, morte e ressurreição do Senhor. Lembramos o modo pelo qual o Senhor nos comprou para Si. Devemos celebrar o ato para que possamos sempre reviver este aspecto e nunca apagar da lembrança o que o Senhor fez por nós.

3) A Ceia é uma Proclamação (1 Coríntios 11:26) – Paulo diz que celebrar este ato é anunciar, declarar o evangelho. O sentido também é de ensinar. Quando celebramos a Ceia do Senhor estamos a falar do sacrifício redentor do Mestre por amor de nós. O símbolo traz a mensagem da graça de Deus.

Neste sentido, é pertinente o que diz Alan Richardson (Richardson – 1966), mesmo que não usemos o termo Eucaristia. Ele declara: “A eucaristia sempre que é oferecida, dá testemunho não somente a respeito da história, mas também, de sua interpretação. É a proclamação da morte salvadora de Cristo. Cada eucaristia proclama o começo da era da salvação de Deus”.

Dr. Martin Lloyd-Jones (LLOYD–JONES – 1999), sobre esta realidade, declara. Ceia é proclamação:

“Ainda que o púlpito haja fracassado, a Ceia do Senhor continua ainda declarando, proclamando, pregando a morte do Senhor, e com frequência tem havido grande desarmonia, para não dizer contradição, entre a pregação do homem e a pregação do pão e do vinho à mesa da comunhão”.

A celebração da ceia nos faz ver os perdidos, pois ela manifesta a graça de Deus.

Celebrar a ceia é perceber a realidade missional da igreja. É entender que esta celebração anuncia a mensagem da graça de Deus. Paulo diz o seguinte: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Coríntios 11:26). O termo “anunciar” (“καταγγέλλετε – katangellete”), também pode ser traduzido como proclamar. Sendo assim, quando celebramos a Ceia do Senhor, a mensagem do evangelho está sendo anunciada.

4) A Ceia é uma Ordenança (Mateus 26:26 – 27; Lucas 22:17 – 20) – Ordenança é um mandamento que deve ser cumprido. O Senhor deu uma ordem para que possamos fazer este ato em sua memória “Fazei isso em memória de mim” – Lucas 22:19. Em momento algum o Novo Testamento não utiliza o termo “Ordenança”, em relação à Ceia ou Batismo. Contudo, existem seis vocábulos no Antigo Testamento para o termo ordenança: “לְחָק־ – choq”, estatuto, decreto (Êxodo 12:24; 18:20, Malaquias 3:7); “חֻקּ֣וֹת – chuqqah”, estatuto, decreto (Êxodo 12:14, 17; Jó 38:33); “יְדֵ֖י – yad” mão (Esdras 3:10); “מִצְוֹ֔ת – mitsvah” mandamento, preceito, encargo (Neemias 10:32); “מִשְׁמַרְתִּ֗י – mishmereth”, guarda, tutela, observação (Levítico 18:30; 22:9; Malaquias 3:14); “ וּמִשְׁפָּ֖ט – mishpat” julgamento (Êxodo 15:25, Josué 24:25; Salmos 119:91; Ezequiel 11:20). Entretanto, o Novo Testamento apresenta cinco vocábulos para ordenança: “      διαταγῇ – diatagē” disposição, acordo, decreto (Romanos 13:2); “    δικαιώμασιν – dikaiōmasin” decreto judicial (Lucas 1:6; Hebreus 9:1,10); “δόγμασιν – dogmasin” decreto, ordenança (Efésios 2:15; Colossenses 2:14); “    κτίσει – ktisei” qualquer coisa feita (1 Pedro 2:13), “παρέδωκα – paredōka/παραδόσεις – paradoseis” entrega, coisa confiada a alguém (1 Coríntios 11:2). Portanto, ordenança é um decreto, mandamento. A ordenança também é um símbolo e como tal, faz a concretização de uma ideia abstrata.

5) Sacramento – é um mistério, uma verdade revelada. Para a igreja é um rito instituído por Cristo, que serve como um sinal externo e visível, através dos símbolos, e de uma graça interna e espiritual pela Palavra.
A visão Reformada da Ceia do Senhor é que Cristo está realmente presente, mas espiritualmente, não fisicamente. Ele está, em outras palavras, presente à fé do povo de Deus e tem comunhão com eles, alimentando-os consigo mesmo através da fé. Ele usa o pão e o vinho para dirigir a fé deles em direção a Ele.
Essa visão Reformada é claramente ensinada em 1 Coríntios 11:29, que fala de “discernir o corpo do Senhor” na Ceia do Senhor, e está implicada também nas próprias palavras de Jesus na instituição da Ceia do Senhor: “Este é o meu corpo”. Somente porque Cristo está presente na Ceia, uma pessoa pode comer ou beber julgamento para si quando comendo ou bebendo sem o devido auto-exame. Somente porque Cristo está presente pode haver alguma bênção na Ceia. A visão Reformada, que é também bíblica, dá muito maior significado e benefício à Ceia do Senhor. Então, no sacramento encontramos e desfrutamos de Cristo em sua plenitude, como nosso Salvador e Redentor. Que assim o façamos!

CEIA DO SENHOR E A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER (1643-46)

Como a Confissão de Fé (Reformada) de Westminster (1643 – 46) define?

Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e os seus benefícios, e confirmar o nosso interesse nEle, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra.

Romanos 6:11; Gênesis 17:7 – 10; Mateus 28:19; 1 Coríntios 11:23 e 10:16, e 11:25 – 26; Êxodo 12:48; 1 Coríntios 10:21; Romanos 6:3 – 4; 1 Coríntios 10:2 – 16.

Em todo o sacramento há uma relação espiritual ou união sacramental entre o sinal e a coisa significada, e por isso os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro.

Gênesis 17:10; Mateus 26:27 – 28; Tito 3:5.

A graça significada nos sacramentos ou por meio deles, quando devidamente usados, não é conferida por qualquer, poder neles existentes; nem a eficácia deles depende da piedade ou intenção de quem os administra, mas da obra do Espírito e da Palavra da instituição, a qual, juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma promessa de benefício aos que dignamente o recebem.

Romanos 2:28 – 29; 1 Pedro 3:21; Mateus 3:11; 1 Coríntios 12:13; Lucas 22:19 – 20; 1 Coríntios 11:26.

Há só dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho - O Batismo e a Ceia; nenhum destes sacramentos deve ser administrado senão pelos ministros da palavra legalmente ordenados.

Mateus 28:19; 1 Coríntios 11:20, 23 – 34; Hebreus 5:4.

Os sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas espirituais por eles significados e representados, eram em substância os mesmos que do Novo Testamento.

1 Coríntios 10:1 – 4.

A CEIA DO SENHOR NA IGREJA PRIMITIVA

O livro de Atos e as cartas escritas às igrejas nos ajudam há aprender um pouco mais sobre a Ceia do Senhor. Os discípulos se reuniam no primeiro dia da semana para participarem da Ceia (Atos 20:7). Esta Ceia era entendida como um ato de comunhão com o Senhor (1 Coríntios 10:14 – 22). Era tomada quando toda a congregação se reunia, como um ato de fraternidade entre os irmãos (1 Coríntios 11:17 – 20) um ato simbólico (Ceia), e o derramamento de amor entre os santos, e nesse momento acontecia que toda a igreja lembrava das Palavras de Seu Senhor, e nascia a gloriosa esperança da GRANDE CEIA VINDOURA, as bodas do Cordeiro por toda a eternidade.

Cada cristão era obrigado a examinar-se (v.28), para ter certeza de que estava participando da Ceia do Senhor de um modo digno, e o modo digno é, a fé¹, esperança² e o amor sendo o alicerce da vida cristã (1 Coríntios 13:13), o cuidado dos pobres necessitados, alimentando-os (2 Coríntios 8:12 – 15), o amor fraterno e não fingido (Romanos 12:10), a proclamação (e estudo diligente) do santo Evangelho (2 Timóteo 4:13; João 5:39; 1 Tessalonicenses 5:20), e a vida de oração (1 Tessalonicenses 5:17; Romanos 12:12; Atos 2:42; Efésios 6:18; Colossenses 4:2; 1 Pedro 4:7; Lucas 18:1).
Em suma, o modo digno, é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e com toda a tua capacidade intelectual’ e Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

(1) Fé¹: palavra grega “πίστιν – pistin/pistis” denota uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus, e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé, e unido com ela relativo a Deus a convicção de que Deus existe e é o criador, e governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. Ela expressa fidelidade, lealdade, e o caráter de alguém em quem se pode confiar.

(2) Esperança²: palavra grega “ἐλπίδος – elpidos/elpis” denota expectativa do bem, esperança no sentido cristão, são regozijo e expectativa confiante da eterna salvação. Sob a esperança, em esperança, tendo esperança, acreditando no autor da esperança, que é o fundamento, Cristo Jesus nosso Senhor.

O PÃO SEM FERMENTO

Ainda que o ensinamento da Bíblia sobre a Ceia do Senhor não seja complicado, muitas diferenças de entendimento apareceram depois do tempo do Novo Testamento. O único modo de sabermos se estamos seguindo o Senhor Jesus, é estudarmos as instruções, e imitarmos os exemplos que encontramos no Novo Testamento. Nunca estamos livres para irmos além do que o Senhor revelou na Escritura (Colossenses 3:17; 1 Coríntios 4:6 e 2 João 9).

Consideremos o que a Bíblia diz em resposta a algumas questões sobre a Ceia do Senhor. Porque pão sem fermento? Jesus instituiu a Ceia do Senhor durante os dias judaicos dos pães asmos, uma festa anual na qual somente pão sem fermento era permitido entre os judeus (Lucas 22:15; Êxodo 12:18 – 21). Podemos apreciar mais claramente o significado do pão sem fermento quando consideramos o significado simbólico do fermento na Bíblia.

Não era permitido fermento nos sacrifícios oferecidos a Deus, no Antigo Testamento (Levítico 2:11). A idéia de impureza ou pecado é claramente associada com fermento em vários textos. Por exemplo, Jesus usou fermento para falar simbolicamente de falsas doutrinas (Mateus 16:11, 12). Paulo usou fermento para representar falsa doutrina e corrupção moral (Gálatas 5:7 – 9, 13, 16; 1 Coríntios 5:6 – 9). É plenamente adequado, então, que o sacrifico perfeito e sem pecado do próprio Filho de Deus seja representado por pão sem fermento: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento” (2 Coríntios 5:17). Cristo nosso Cordeiro pascal foi imolado, e por essa razão celebramos a Ceia do Senhor, não mais com o “velho fermento”, o “fermento da maldade e da malícia”, mas sim com os “asmos da sinceridade e da verdade” (1 Coríntios 5:7, 8). Devemos entender o sentido da espiritualidade, e não um mero ritual sem significado, algo totalmente fisiológico.

PARTICIPANTES DA CEIA DO SENHOR

A Ceia do Senhor é um ato espiritual partilhado pelo Senhor com aqueles que estão em comunhão com Ele. Jesus não ofereceu o pão e o cálice a todos, mas aos Seus discípulos (Mateus 26:26). Aqueles que estão servindo ao Diabo não tem o direito de partilhar desta refeição com o Senhor (1 Coríntios 10:16 – 22). Somos aptos a participar com Deus em comunhão espiritual, somente se andarmos na luz (em Sua Palavra), “Esta é a mensagem que dEle ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nEle não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, como Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” – 1 João 1:5 – 7.

O QUE SIGNIFICA PARTICIPAR INDIGNAMENTE?

Cada um que participa da Ceia do Senhor deverá examinar-se para está certo de que está participando de maneira correta, discernindo o verdadeiro significado do memorial em nome do Senhor. “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim, coma do pão e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1 Coríntios 11:27 – 29).

A palavra grega “ἀναξίως – anaxiōs” para descrever “indignamente” significa “de um modo indigno”. Ela não descreve a dignidade de uma pessoa (ninguém é verdadeiramente digno de comunhão com Cristo). Esta palavra descreve o modo de participar. A pessoa que não leva a sério esta comemoração está brincando com o sacrifício de Cristo, e está se condenando por não discernir o corpo de Cristo. Por esta razão, devemos ser muito cuidadosos cada vez que participarmos da Ceia do Senhor. É imperativo que esqueçamos as preocupações mundanas e prestemos atenção exclusivamente à morte de Cristo. Se tratarmos a Ceia do Senhor como um mero ritual, ou se a tomarmos levianamente e deixarmos de meditar no seu significado, nos condenamos diante de Deus.

“Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor” – 1 Coríntios 11:29.

A CEIA EM ALGUNS ASPECTOS

Quando celebramos a Ceia, o nosso primeiro foco é o passado. A igreja à volta da mesa celebra em memória do Senhor (1 Coríntios 11:23 – 25). Celebramos a Ceia em memória do Senhor. Somos um povo com história, mas acima de tudo, um povo com lembrança. Não esquecemos o nosso passado e muito menos o agir de Deus. Este olhar retrospectivo fala-nos do quê? Em primeiro lugar, ele declara o agir de Deus na história e o cumprimento de Sua Palavra.
Celebrar a Ceia do Senhor é afirmar que Deus não nos abandonou. É afirmar que Ele, e a sua aliança permanece inalterável em relação ao ser humano. É declarar que Deus continua a comunicar-se conosco através de Sua Palavra.

Quando celebramos a Ceia, olhamos para o Calvário. Vemos a morte do Senhor Jesus. “O partir do pão e o tomar ou beber do vinho são uma representação do corpo partido de nosso Senhor, Seu sangue derramado”. Celebrar a Ceia é olhar para trás e ver a vergonha da cruz. Ao celebrarmos a Ceia, olhamos para o passado e vemos que a morte foi vencida. É ver a ressurreição. O texto citado fala que anunciamos a morte até que Ele venha. Ou seja, o texto declara que o Senhor ressuscitou. Olhando para trás, vemos este acontecimento histórico, mas também contemplamos a vida.

Celebrar a Ceia é olhar para o passado e ver toda a graça de Deus. É poder contemplar o amor imensurável de um Deus que age na história e cumpre as Suas promessas. Celebrar a Ceia não é apenas visualizar e recordar o passado. É também fazer uma viagem interior. É olhar para si mesmo. O apóstolo Paulo declara: “Examine, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice” (1 Coríntios 11:28). Paulo ordena que façamos uma viagem interior. Devemos lembrar que a fé é individual. A salvação foi para todos, mas não somos salvos aos grupos e sim individualmente. Portanto, cada um de si, deve fazer essa viagem interior. Mas qual o sentido da mesma? Em primeiro lugar, para ver se existe real compreensão deste memorial. Devemos nos fazer a seguinte pergunta: Será que entendo todo o sentido deste memorial? É preciso uma auto-avaliação para saber se há entendimento da intervenção histórica de Deus, e que este momento representa a maneira pela qual Ele, Deus através de Jesus Cristo nos redimiu.

Este exame serve para que se traga à memória a misericórdia de Deus, e para percepção (consciência) também de que este momento é muito mais que um rito, é a expressão visual de tudo quanto Deus fez por nós, e para nós em Cristo Jesus. E se Cristo me amou, devo amar ao meu irmão (João 13:34, 35; 1 João 4:12, 20, 21;), e por fim devemos nos perguntar: Será que tenho discernido o corpo? O que significa discernir o corpo de Cristo? Wayne Grudem (Grudem, 1999), declara:

“Assim, a frase “sem discernir o corpo” significa sem entender a unidade e a interdependência das pessoas na igreja, que é o corpo de Cristo. Significa não dar atenção aos nossos irmãos e irmãs quando vamos participar da Ceia do Senhor, na qual devemos refletir o caráter de Cristo”.

Celebrar a Ceia é viver a esperança. É olhar para cima na expectativa da chegada do Senhor. O apóstolo Paulo declara: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Coríntios 11:26). Aqui há a certeza de que o Senhor vai regressar. Ele voltará para os Seus.
Estamos a dizer ao mundo que o Senhor vai retornar. Declaramos que somos o povo da esperança, e que aguardamos a chegada do nosso Mestre. Aguardamos porque foi o próprio Senhor a garantir que voltaria. Ele disse: “E quando Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também.” (João 14:3).

Esta é a promessa que Ele nos fez. Celebrar a Ceia do Senhor é saber que o Senhor que subiu aos céus regressará. Lucas declara: “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto Ele subia, eis que junto dEle se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (Atos 1:10, 11). O Senhor vai voltar!

A celebração da Ceia é o momento em que voltamos os nossos olhos para o alto, conscientes que o regresso do Senhor será glorioso, e será também um dia de justiça. Aqueles que o receberam como Senhor e Salvador desfrutarão da Sua graça. Entretanto, todos aqueles que o rejeitaram, sofrerão a ira do Senhor, o “ódio” Santo de Deus.

CONCLUSÃO

A Ceia não é um simples rito. É mais que um momento litúrgico. A celebração da Ceia do Senhor manifesta toda a graça de Deus. Desta forma, quando celebramos a Ceia, precisamos olhar para o passado, perceber seu contexto histórico. Deus entrou em nossa história. Ele cumpriu a Sua Palavra. Deus é fiel. Quando celebramos a Ceia estamos a dizer que o Senhor age na história e que recordamos a Sua manifestação.

Quando celebramos a Ceia devemos fazer uma viagem interior. Precisamos olhar para nós próprios para ver se percebemos a intervenção histórica de Deus, mas também para ver se as nossas vidas estão retas diante do Senhor e, para sabermos se mantemos comunhão com nossos irmãos.
Celebrar a Ceia é manter viva a proclamação do Evangelho. É anunciar a morte do Senhor até que Ele venha. É garantir que jamais a mensagem da graça será adulterada.

Celebrar a Ceia do Senhor é olhar para o alto. É ter o coração expectante pela gloriosa manifestação do Senhor ao Seu povo. Ele vai voltar. Quando formos celebrar a Ceia do Senhor, devemos fazer o seguinte: 1) Olhar para trás, Ver a manifestação histórica do Senhor, 2) Olhar para dentro de nós próprios para saber se estamos aptos, 3) Olhar para fora. Declarar ao mundo a graça de Deus e, 4) Olhar para o alto. Tendo o desejo ardente do regresso do Senhor.

“Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne” – João 6:51.

Paz e graça.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

TANQUE DE BETESDA


O Tanque de Betesda como um centro de cura de greco-deus Esculápio
O Tanque de Betesda como um centro de cura de greco-deus Esculápio (João 5)
Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg

1 Algum tempo depois, Jesus subiu a Jerusalém para uma das festas Judaicas. 2 Ora em Jerusalém há, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque , chamado em Hebraico  Betesda, o qual tem cinco colunas cobertas. 3 Nestas jazia grande multidão de enfermos – cegos, coxos e paralíticos.

Quando se trata de determinar o nível de confiabilidade histórica do evangelho, a história que terminará na cura de um paralítico é uma das unidades textuais mais fascinantes do Evangelho de João. Muitos não consideravam o Evangelho de João historicamente confiável, até a descoberta do tanque com cinco colunas cobertas perto da Porta das Ovelhas (embora inicialmente todos estivessem procurando um tanque  em forma de pentágono). Pensou-se que o evangelho seria ou alegórico  (verdadeiro apenas no sentido semelhante à literatura apocalíptica) ou simplesmente impreciso (escrito por alguém que não era da Judéia e não era totalmente familiarizado com a geografia e a topografia de Jerusalém). No entanto, identificaram-se ambos os tanques  mencionados no Evangelho de João – o tanque de Betesda, em João 5:2 e o tanque de Siloé, em João 9:7. O tanque  mencionado neste capítulo tinha cinco colunas (conforme descrito no Evangelho), mas não era estruturado como um pentágono. Havia quatro colunas separadas no meio por outra, formando, assim, as cinco colunas descritas no Evangelho.

É possível que o tanque de Betesda fosse uma instalação destinada ao  cerimonial religioso Judaico  da  limpeza com água, mikvah, associado ao Templo de Jerusalém. Mas existem outras opções interpretativas que em minha mente tem muito mais sentido.

Há muitas boas razões para acreditar que essa estrutura, que se situava a curta distância da parte de trás das paredes da cidade de Jerusalém da época, fosse vinculada ao deus Greco-Romano do bem-estar e saúde Asclépio que era bem difundido pelas terras dominadas pelo Império Romano. Havia mais de 400 asclepeions – instalações relacionadas com Asclépio (Esculápio) em todo o Império, funcionando como centros de cura e dispensadores da graça e misericordia do deus para com aqueles em necessidade).




Asclépio era o deus da medicina e da saúde na antiga religião Grega. As filhas míticas do deus incluíam, por exemplo, as deusas Hygeia e Panacea. Podemos ouvir seus nomes Gregos em nossas palavras modernas para  “higiene” e “panacéia” – conceitos básicos hoje associados a medicina e saúde. As cobras eram um atributo essencial do culto de saúde e cura de Asclépio. Até hoje um dos principais símbolos da medicina moderna é uma vara com uma cobra em torno dela.

Agora pare e pense por um momento. Porque, se isso estiver correto, nossa percepção de toda história descrita aqui pode mudar. É possível que os cegos, coxos e paraliticos não estivessem esperando pelo Deus de Israel para curá-los; mas em vez disso o ato misericordioso de cura por Asclépio. Antes de começar a pensar que a reconstrução acima é improvável, por favor, considere o seguinte:

Justin Martyr apologista Cristão do segundo século menciona a obsessão popular por Asclépio entre seus contemporâneos dizendo: “Quando o Diabo apresenta Asclépio como o fundador da morte e curandeiro de todas as doenças, não posso dizer  que neste assunto também ele tem imitado as profecias sobre Cristo? (Justin Martyr, Dialogue with Trypho, the Jew,  69). Em uma declaração atribuída ao sábio Judeu Rabi Akiva do segundo século lemos: “Uma vez Akiva foi convidado a explicar por que pessoas afligidas por doença às vezes retornavam curadas de uma peregrinação ao santuário de um ídolo, embora ele seguramente não tivesse poder. (Talmude Babilônico, Avodah Zarah 55a).”

O Tanque de  Betesda/Asclépio (filial de Jerusalém) foi, provavelmente, uma parte da Helenização de Jerusalém juntamente com vários outros projetos importantes, tais como o teatro Romano, complexo Romano esportivo,  banhos Romanos e  Fortaleza Romana Antônia (perto do tanque). Foi provavelmente referindo-se a tal Helenização de Jerusalém que devotos Qumranitas, autores do seu comentário sobre o Profeta Nahum escreveram: “Onde está a cova dos leões, a caverna dos jovens leões? (Nah.2:12b) A interpretação disto diz respeito a Jerusalém, que havia se tornado uma habitação para os ímpios dos Gentios… .”

Nesse caso, o tanque de Betesda (casa da misericórdia em Hebraico) não tem que ser absolutamente um local Judeu, mas antes uma instalação Grega afiliada a Asclépio. É muito importante notar que nesta cura particular Jesus não ordena a quem ele curou para se lavar no tanque (tanque de Betesda), enquanto ele deu  uma ordem direta para ir e se lavar no tanque de Siloé, quando se trata de cura do homem cego (João 9:6-7). Portanto, parece que enquanto o tanque de Betesda era um lugar pagão (Asclépio), o tanque de Siloé estava ligado ao Templo de Jerusalém. Claro, Jerusalém era o centro para os Judeus religiosos nos dias de Jesus, mas também era um quartel para os ideais Helenizados  na Judéia, que estava sob estrito controle Romano com a Fortaleza Antonia  dominando a extremidade noroeste do Monte do Templo.

[… esperando o movimento das águas; 4 porquanto um anjo do Senhor descia em certo tempo dentro do tanque e agitava a água; e o primeiro que ali descia, após o movimento da água, sarava de qualquer doença que tivesse.]

Embora algumas Bíblias modernas ainda incluam o texto acima entre parentesis (3b-4) o mesmo não está contido nos manuscritos mais antigos e mais confiáveis disponíveis hoje e, portanto, não deveria ser tratado como autêntico. Parece que o copista Cristão não familiarizado com o culto de Asclépio e com sua afiliação do Tanque de Betesda, adicionou a explicação sobre o Anjo do Senhor agitando as águas, buscando esclarecer as coisas para seus leitores. Na realidade ele acabou conduzindo toda a geração seguinte de leitores a um sentido interpretativo errado, faltando o ponto principal da história.


Ao contrário da opinião popular, os escribas antigos não eram sempre precisos em preservar cada pingo e til do texto que eles estavam copiando. Eles não embelezavam as coisas, mas certamente não tinham medo de “esclarecer questões,” quando pensavam que “algo estava faltando”. Portanto, o novo personagem nesta história, o anjo do Deus de Israel, foi adicionado pelo bem intencionado, mas equivocado copista. O copista, ao contrário do autor do Evangelho de João, não tinha conhecimento da identidade religiosa Grega de Betesda, que pareceu a ele apenas a partir do texto que ele tinha diante dele, sem qualquer evidência de cultura material contemporânea, como a casa da misericórdia do Deus de Israel. Ele simplesmente se enganou.

5 Um homem estava ali, que tinha sido um inválido por trinta e oito anos. 6 Quando Jesus o viu deitado e sabendo que ele estava assim há muito tempo, disse a ele, “você quer ser curado? 7 O homem doente respondeu-lhe: “Senhor, não tenho ninguém que me coloque no tanque quando a água se agita, e enquanto eu vou outro desce antes de mim. 8 Jesus disse-lhe, “Levante-se, pegue a sua cama e ande.” 9 e uma vez que o homem foi curado e ele pegou sua cama e andou.

As pessoas doentes, que muitas vezes eram vistas nos pórticos do tanque de Betesda eram constituídas de dois tipos. Aqueles que vinham para tentar a sorte aqui como parte do caminho na busca pela cura, como se fosse para outro a solução promissora de cura e aqueles que já tinham perdido a esperança para qualquer tipo de cura. Em resposta à pergunta de Jesus se ele desejava ou não sarar, lemos uma resposta que era tudo menos esperançosa. Nas palavras do homem doente “não tenho ninguém que me coloque no tanque quando a água se agita, e enquanto eu vou  outro desce antes de mim.” (vs. 7) A agitação da água provavelmente acontecia quando os sacerdotes do culto de Asclépio abriam os tubos de ligação entre as partes superiores e inferiores do tanque de Betesda. A água no reservatório superior então fluiria para o menor.
OS PAVILHÕES

O homem “institucionalizado” esteve lá por um longo tempo como o Evangelho nos diz no contexto de um ambiente profundamente religioso embora ambiente religioso Grego. Ele era um homem com uma significativa necessidade pessoal e com toda sua esperança perdida. Asclépio na metodologia Grega também era conhecido não só por seus poderes de cura e de dar vida, mas por esta atitude de benevolência para com o povo, a qual fez dele uma das divindades mais populares no mundo Greco-Romano. Mais tarde na história Jesus iria encontrar o homem que ele curou no Templo do Israel e irá avisá-lo para não continuar em sua vida de pecado (algo que se encaixa perfeitamente com a idéia de que o tanque de Betesda era Asclepion).

O TANQUE


Esta é uma história poderosa. Doença – o símbolo do caos humano foi chamado a ordem pelo poder da palavra de Jesus, tal como o caos de pré-criação foi chamado a ordem da criação uma vez pelo Rei Celestial de Israel, exatamente da mesma forma. Agora o real filho de Rei de Israel entrou no domicilio pagão (asclepeion) e curou o homem Judeu sem fórmulas mágicas e feitiços. Jesus o fez tão simplesmente dizendo ao homem para se levantar e andar. Em outras palavras, Jesus curou o homem da mesma forma que o Deus de Israel, uma vez criou o mundo – simplesmente pelo poder de Sua palavra falada.