Não deixe a Escola Dominical morrer em
sua igreja
Muitas igrejas cujos pastores prezam
pela saúde espiritual do rebanho ainda estão zelando pelo ensino bíblico e
teológico
Fundada há mais de 230 anos pelo crente episcopal e também jornalista
inglês Robert Raikes, a Escola Dominical “viralizou” pelo mundo inteiro como um
movimento de ensino popular e sistemático da Bíblia sagrada, além de outras
disciplinas seculares que eram comuns nos primórdios deste movimento (língua
materna, matemática, história, etc.).
Um crescimento extraordinário
De Gloucester, na Inglaterra, as Escolas Dominicais rapidamente ganharam
fama pelas cidades vizinhas. Em apenas quatro anos (1780-1784) já havia o extraordinário
número de 250 mil alunos matriculados; e quando o pioneiro Raikes morreu em
1811, ele deixou o legado de muitas escolas pautadas nos valores cristãos com
cerca de 400 mil alunos matriculados, a maioria absoluta composta de crianças.
Ninguém irá duvidar que a Escola Dominical é um movimento avivado pelo
Espírito, senão, doutro modo, jamais teria alcançado tamanha proporção em tão
pequeno tempo, e com resultados tão positivos.
O casal de missionários escoceses Robert e Sarah Kalley chegam ao Brasil
e em 1855 iniciam com apenas cinco crianças uma classe de Escola Dominical em
Petrópolis, no Rio de Janeiro. Aquele tímido começo foi se agigantando e
resultou no início da Igreja Congregacional no Brasil. Sim, uma grande igreja
começou numa pequena Escola Dominical! O amor e a persistência dos missionários
foram honrados. As sementes frutificaram e grande tem sido a colheita até hoje
para a glória de Deus!
Há quem especule que o número de alunos e professores frequentes na
Escola Dominical em todo mundo já ultrapasse a casa dos 60 milhões. Para glória
de Deus, posso dizer que faço parte desse número. E você?
A Escola Dominical compensa
Muitas igrejas cujos pastores prezam pela saúde espiritual do rebanho
ainda estão zelando pelo ensino bíblico e teológico regular através das Escolas
Dominicais. Nem todos os membros têm tempo ou condições financeiras de fazerem
uma faculdade ou seminário de teologia durante a semana; as crianças, ainda que
quisessem, não poderiam se matricular nessas instituições, e muito dificilmente
os adolescentes teriam este privilégio. Na Escola Dominical, porém, toda a
família pode se matricular, frequentar gratuitamente e com um investimento
baixíssimo: em média, 10 reais a cada três meses, que é o preço da revista com
as Lições Bíblicas.
Embora muitas escolas estejam funcionando em outros dias da semana, até
para melhor acomodar a membresia local, o domingo ainda continua sendo o dia
preferido da Escola Dominical, visto que, em geral, é um dia de folga dos
trabalhos e estudos seculares. Dia propício para as famílias se congregarem, e,
em cada classe dividida por faixa etária, aprenderem a “gramática do céu”, as
sagradas Letras (2Tm 3.15).
A Escola Dominical coopera para o cumprimento da grande Comissão: “Fazei
discípulos de todas as nações… ensinando-os a guardar tudo que vos tenho
ordenado” (Mt 28.19,20). Não só com as classes de Discipulado para novos
convertidos, senão também com o discipulado contínuo, que é a formação
doutrinária e ética dos membros e congregados da igreja local, incluindo as
próprias lideranças. A Escola Bíblica Dominical, ou apenas EBD, como é
carinhosamente chamada, é um braço direito para os pastores na instrução dos
membros, e também para os pais, na instrução dos filhos. Como dizia o pastor
Antônio Gilberto, um dos maiores nomes da educação cristã no Brasil, “A Escola
Dominical também coopera eficazmente com o lar, na formação dos hábitos
cristãos legítimos, práticas e deveres sociais bíblicos, resultando na formação
do caráter ideal, segundo os princípios do genuíno cristianismo”.
Bons obreiros, pregadores e evangelistas são forjados nas classes da
Escola Dominical, onde aprendem a ler e interpretar as Escrituras, bem como são
instruídos nas doutrinas basilares da fé cristã, além de desenvolverem um senso
espiritual aguçado para perceber distorções e heresias prejudiciais à Igreja do
Senhor. Mas infelizmente, há muitas igrejas onde nem os pregadores, nem os
obreiros e nem mesmo os pastores estão interessados em fortalecer a EBD. Daí as
portas estão escancaradas para os modismos, invencionices, falsos ensinos,
emocionalismo barato e heresias que trarão prejuízos caríssimos a estas
congregações!
Falta de Bíblia: portas escancaradas para o engano
Igrejas que negligenciam a Escola Dominical demonstram seu desinteresse
pela Palavra de Deus, ainda que seus templos lotem nos cultos à noite. Igrejas
que amam a Palavra e sabem o valor vital que ela tem, amam e frequentam a
Escola Dominical, honram seus professores e dirigentes, investem na estrutura
física, acolhem os alunos e sempre buscam outros mais, visto que “ainda há
lugar” (Lc 14.22).
Igrejas que não amam a Palavra, cancelam a EBD e despedem as famílias
para o lazer dominical; ou, na melhor das hipóteses, deixam ela funcionando às
mínguas, até onde os professores e alunos aguentarem. Há pastores que matam a
Escola Dominical, substituindo-a sempre por uma festividade, por um café de
confraternização ou por outros eventos diversos que não contribuem para o
fortalecimento espiritual e o crescimento teológico do rebanho. O fogo de palha
tem tomado o lugar do genuíno fogo do Espírito em muitas igrejas!
O pastor batista Russel Shedd discorre sobre esse quadro de raquitismo
doutrinário e de superficialidade espiritual em que muitas igrejas se
encontram, enquanto negligenciam suas Escolas Dominicais: “A diminuição de
alunos nas escolas bíblicas dominicais já aconteceu nos Estados Unidos e
acontece também aqui. As pessoas querem uma religião já pronta, na qual não
seja preciso gastar tempo, nem estudar. Crescer no conhecimento das coisas de
Deus é menos interessante do que ganhar dinheiro, prosperar, ter uma vida
melhor. As coisas vão ficando muito superficiais”.
Que triste, porém, verdadeira constatação! Precisamos resistir a essa
tentativa de enfraquecer e anular a Escola Dominical. Por trás da
desvalorização da EBD está satanás que tem todo interesse em desviar a Igreja
da genuína Palavra, e fazê-la definhar em anorexia espiritual! Há muitos
trabalhos de ensino disponibilizados pelas igrejas, nenhum deles, porém, se
iguala à EBD em sua proposta de ensino bíblico popular para todas as faixas etárias.
Não é de se estranhar que o inimigo tenha proposta na mente de muitos pastores
substituírem tão importante trabalho por outros de menor relevância.
Valorizar o trabalho dos voluntários da EBD, investir em estrutura e
recursos didáticos, oferecer formação continuada para melhor qualificação dos
professores, divulgar a Escola Dominical e frequentá-la regularmente são
atitudes que repercutirão na vida da igreja, uma vida espiritual mais saudável
e solidificada na Bíblia sagrada.
Líderes da EBD, façamos a nossa parte
Concluo com as palavras do famoso pregador inglês, John Wesley, que foi
contemporâneo de Robert Raikes e acompanhou o início do movimento das Escolas
Dominicais na Inglaterra: “Estou convencido de que essas Escolas Dominicais são
a instituição mais nobre, vista desde alguns séculos na Europa, e crescerão
cada vez mais, contando que os seus professores e dirigentes cumpram seus
deveres”. Ditas no século 18, estas palavras continuam sendo grande estímulo
para as lideranças da EBD neste século 21! Se nos empenharmos, a Escola
Dominical vai crescer; se negligenciarmos, a Escola Dominical vai morrer e com
ela a própria igreja local!
Não deixe a Escola Dominical morrer em sua igreja!